quinta-feira, 2 de junho de 2011

O que é o Câncer?

Câncer é a proliferação descontrolada de células anormais do organismo. As células normais do corpo vivem, se dividem e morrem de forma controlada. As células cancerosas são diferentes, não obedecem a esses controles e se dividem sem parar. Além disso, não morrem como as células normais e continuam a se proliferar e a produzir mais células anormais.

Essa divisão descontrolada das células é provocada por danos no DNA, o material genético presente em todas as nossas células e que comanda todas as suas atividades, inclusive as ordens para a célula se dividir. Na maior parte das vezes, o próprio DNA detecta e conserta seus erros. Nas células cancerosas, porém, o mecanismo de reparo não funciona. Esses defeitos no mecanismo de reparo podem ser herdados e estão na origem dos cânceres hereditários. Na maioria dos casos, porém, o DNA se altera por causa da exposição a fatores ambientais, entre eles, o fumo, sol, alguns vírus e alimentação.

As células cancerosas geralmente formam um tumor, uma massa de células com crescimento anormal. Existem exceções, como as leucemias, em que as células doentes estão presentes no sangue e percorrem o corpo todo. Freqüentemente, as células cancerosas se desprendem do tumor, viajam para outra parte do corpo onde passam a crescer e a substituir o tecido sadio, num processo chamado metástase.

Nem todos os tumores são cancerosos. Os chamados tumores benignos não têm a capacidade de se espalhar para outras partes do corpo, mas merecem atenção e podem exigir tratamento, dependendo do local onde aparecem.

Diferentes tipos de câncer têm comportamentos diferentes, exigem tratamentos diferentes até mesmo quando se trata de câncer do mesmo órgão. Há cânceres de próstata extremamente agressivos, de progressão rápida e outros menos agressivos, de desenvolvimento lento. Por isso, o tratamento é específico para cada caso.
 
COMO OCORRE O CÂNCER?

O câncer não aparece de uma hora para outra, é uma doença de desenvolvimento lento, que às vezes leva 20, 30, 40 anos para se manifestar. Lembre-se: é a partir de uma única célula que acumula mutações que o tumor se desenvolve. É por isso que hoje conhecemos muito mais gente com câncer do que nossos avós e bisavós. Até 1950, a doença era relativamente rara até porque eram poucos os seres humanos que chegavam aos 50, 60 anos de vida. No Brasil da década de 30, por exemplo, a expectativa de vida girava em torno dos 35 anos e o brasileiro morria de infecção, de diarréia, de pneumonia. As vacinas e antibióticos prolongaram nossa existência, mas também permitiram que vivêssemos o bastante para que o câncer se desenvolva.

Nosso estilo de vida também tem sua parcela de culpa no grande número de casos da doença. Se o tabaco fosse sumariamente banido do planeta, os casos de câncer cairiam 35% - isso sem falar na redução drástica dos casos de enfarte, derrame e efizema. Nossa dieta rica em carnes vermelha e pobre em fibras vegetais também é parte do problema, bem como nossas prolongadas exposições ao sol tropical.

O mais importante, porém, é ter em mente que nunca antes em nossa história tivemos tanto sucesso no tratamento do câncer. Se você ou alguém próximo recebeu diagnóstico de câncer, as chances de cura e de uma excelente qualidade de vida nunca foram tão grandes. Especialmente, se você estiver nas mãos de uma equipe especializada e multidisciplinar como a do Hospital A. C. Camargo. Aqui você vai ter acesso ao que há de mais moderno em técnicas de diagnóstico, acompanhamento e tratamento, com equipes de clínicos, radiologistas, cirurgiões, fonoaudiólogos, fisioterapeutas, psicólogos e de reabilitação, todos empenhados em sua recuperação integral.

PREVENÇÃO E FATORES DE RISCO

Fator de risco é qualquer coisa que aumente a chance de alguém ter determinada doença. No caso do câncer, alguns podem ser evitados pela mudança de hábitos - deixar de fumar, beber moderadamente, usar filtro solar, ter uma dieta equilibrada - outros não. Entre estes últimos, estão o histórico familiar e a idade - o risco de desenvolver câncer aumenta com a idade.

Se uma pessoa estiver freqüentemente exposta a fatores de risco, ela tem maior chance de desenvolver câncer. Mas muita gente se expõe a um ou mais fatores de risco e não desenvolve câncer; enquanto outros, que nunca foram expostos, têm a doença. Isso ocorre porque há inúmeros fatores associados ao aparecimento de um tumor. Entre os fatores de risco para diferentes tipos de câncer estão:

Fumo (cigarros, charutos, cachimbo): câncer de pulmão, boca, laringe, bexiga, rins, esôfago e pâncreas. Sem o consumo de tabaco, os casos de câncer cairiam 35%!

Exposição ao sol sem proteção: câncer de pele.

Idade, alterações hormonais (como idade da primeira menstruação, número de gestações, idade do início da menopausa), obesidade, vida sedentária e, segundo alguns estudos, consumo de bebidas alcoólicas: estão entre os fatores de risco para o câncer de mama. Filhas e irmãs de pacientes com câncer de mama também precisam ter atenção redobrada - e começar os exames preventivos mais cedo, já que correm maior risco de desenvolver a doença.

Idade: é o principal fator de risco para o câncer de próstata. Não se sabe ao certo por quê, mas o risco é maior entre homens negros e afro-descendentes. Uma dieta rica em gorduras também parece aumentar o risco de surgimento do câncer. Filhos e irmãos de pacientes com câncer de próstata também precisam ter atenção redobrada - e começar os exames preventivos mais cedo, já que correm maior risco de desenvolver a doença.

Somados, fumo, hábitos alimentares, vida sedentária, infecções (por HPV, por exemplo) e exposição à radiação solar ou a produtos químicos são responsáveis por 75% dos casos de câncer. Segundo algumas pesquisas, 30% das mortes por câncer estão relacionadas a maus hábitos alimentares (consumo excessivo de carnes vermelhas e falta de fibras) e falta de exercícios físicos na idade adulta.

DIAGNÓSTICO

Sintomas são indicações de que algo está errado no organismo. Tosse e rouquidão podem ser sintomas de uma gripe. Tosse e rouquidão que se prolongam por semanas podem ser sinais de câncer no pulmão. Na maioria das vezes, sintomas não são suficientes para o médico diagnosticar esta ou aquela doença, daí a necessidade de se fazer exames de sangue, imagem ou até mesmo uma biópsia.

O câncer é uma dessas doenças que podem causar todo tipo de sintomas, dependendo do local onde aparece, do seu tamanho e se afeta outros órgãos ou tecidos próximos. À medida que um tumor cresce, ele vai pressionando tecidos vizinhos, vasos sanguíneos e nervos, dando origem a alguns sintomas. Dependendo do órgão ou do local, esses sintomas podem ser percebidos bem no comecinho da doença, como é o caso de alguns tumores cerebrais, que afetam os movimentos, ou a visão. Outros, como os de ovário, por exemplo, podem crescer bastante antes de produzir sintomas e levar a paciente ao médico.

O câncer pode provocar os mais variados sintomas, como febre, cansaço e perda de peso - porque suas células produzem substâncias que alteram o metabolismo ou porque elas consomem boa parte da energia do organismo ou ainda porque interferem com o sistema imunológico e ele reage com esses sintomas. Outros cânceres - como o de pâncreas - podem liberar substâncias que provocam a formação de coágulos que entopem veias das pernas ou outras que agem como hormônios e alteram os níveis de cálcio do corpo, afetando o funcionamento dos nervos e músculos.

A detecção precoce do câncer aumenta em muito as chances de sucesso do tratamento, já que é mais fácil tratar o tumor ainda pequeno, quando dificilmente teve chance de se espalhar para outras partes do corpo. É o caso, por exemplo, do melanoma, a forma mais grave de câncer de pele. Se ele ainda não penetrou nas camadas mais profundas da pele, sua remoção cirúrgica permite uma taxa de quase 100% de sobrevida após 5 anos. Esse índice cai drasticamente se o melanoma é descoberto e tratado quando já se espalhou para outras partes do corpo.

Por desconhecimento ou medo do diagnóstico, muita gente ignora os primeiros sintomas do câncer e adiam a consulta ao médico. Um caroço no seio pode, sim, ser apenas um cisto que vai desaparecer naturalmente com o tempo; mas também pode não ser. Daí a importância de consultar o médico. Sinais como febre, cansaço, dores nas articulações podem ser causados por uma série de problemas, câncer inclusive. Por isso, ir ao médico e checar do que se trata é fundamental.

É importante conhecer os sintomas mais gerais do câncer, sempre tendo em mente que o aparecimento deles não significa que a pessoa tem a doença. Você vai perceber que eles são comuns a vários tipos de problemas de saúde e só um médico, com o auxílio de exames, pode diagnosticar ou descartar a doença. Uma das características do câncer é a longa duração destes sintomas. Conheça alguns deles:

Perda de peso sem explicação. A perda de 5 quilos ou mais pode ser sinal de câncer de estômago, pâncreas, pulmão ou esôfago.

Febre. A febre pode ser um sinal da doença, principalmente nos casos de leucemia ou linfoma.

Cansaço. Esse sintoma pode aparecer nos casos de leucemia ou, se o câncer causa perda de sangue, como ocorre com alguns tumores de estômago e intestino.

Dor. Ela pode ser sintoma de estágios iniciais de alguns cânceres, como os de ossos e testículos. Geralmente, porém, ela é sintoma de estágios mais avançados da doença.

Alterações da pele. Além do câncer de pele, outros tumores podem provocar alterações na pele, como excesso de pigmentação, icterícia (que deixa a pele amarelada), aparecimento de manchas avermelhadas, coceira e até crescimento excessivo de pêlos.

Há sintomas mais específicos do aparecimento de um câncer, mas eles também são comuns a outras doenças.

Mudanças de hábitos intestinais ou urinários. Prisão de ventre crônica, diarréia que não passa ou até mesmo mudança no tamanho das fezes podem ser sinal de câncer de intestino. A presença de sangue na urina, de dor ao urinar e mudanças de hábito (ir mais vezes ao banheiro ou menos) podem ser sinais de câncer de bexiga ou próstata.

Feridas que não cicatrizam. Alguns cânceres de pele sangram e parecem feridas que não fecham. Feridas na boca que não cicatrizam merecem uma visita ao médico (especialmente em quem fuma e consome bebida alcoólica). Lesões no pênis ou vagina podem ser tanto sinal de uma infecção, como de câncer em estágio inicial.

Sangramentos. Traços de sangue no catarro podem indicar câncer de pulmão. Nas fezes, câncer de cólon ou de reto. Sangramento vaginal pode indicar câncer de colo do útero. No bico do seio, pode indicar câncer de mama.

Nódulos ou caroços. O aparecimento de nódulos ou caroços nos seios, testículos, nódulos linfáticos (nas virilhas, axilas, pescoço, etc) e outras partes do corpo pode indicar a presença de um tumor. Mas só um exame detalhado pode dizer se é mesmo câncer e em que estágio se encontra o tumor. O aparecimento de um caroço, de qualquer tamanho, por menor que seja, exige uma visita ao médico.

Indigestão ou dificuldade para engolir. Esses são sinais de câncer de esôfago, estômago ou garganta.

Mudanças em pintas ou verrugas. Alterações de tamanho, cor ou forma precisam ser checadas pelo médico, pois podem ser sinal de câncer de pele, especialmente em pessoas de pele muito clara.

Tosse e rouquidão. Tosse que não passa pode ser sinal de câncer de pulmão e a rouquidão, de câncer de de laringe ou tireóide.

A confirmação ou não do diagnóstico depende de uma série de exames laboratoriais, de imagem e basicamente de uma biópsia (a remoção e análise microscópica de uma amostra de tecido), que vai indicar ou não a presença de células anormais. Esses exames vão também fornecer ao médico o estadiamento da doença, isto é, em que estágio está o câncer, se ele se espalhou ou não para outros órgãos.

ESTADIAMENTO

Saber em que estágio está o câncer é fundamental para o planejamento do tratamento. Assim, o paciente e seu médico podem discutir alternativas terapêuticas e a equipe que cuida do caso pode ter uma perspectiva mais definida das possibilidades de recuperação.

O sistema mais utilizado para isso é chamado de TNM, onde o T indica o tamanho do tumor e se ele se espalhou para outras partes do corpo; o N indica o quanto ele se espalhou para os nódulos linfáticos mais próximos e o M se já há metástase para outros órgãos mais distantes.

Geralmente, cada letra é acompanhada por um número. Um tumor T1N0M0 é um tumor pequeno, que não atingiu os nódulos linfáticos próximos e nem se espalhou pelo corpo. Essa classificação dá origem a outra, que vai de 0 a 4. E quanto menor o número, menos o câncer cresceu e se espalhou.

TRATAMENTO

As opções de tratamento vão depender do tipo de câncer, do estágio da doença, idade do paciente, seu estado geral de saúde e, sim, suas preferências. É fundamental que o paciente discuta suas opções com o médico, faça perguntas e até consulte outro especialista, em busca de uma segunda opinião. É importante se tratar num centro especializado, que têm médicos e profissionais com larga experiência no tratamento do câncer.

Basicamente o câncer é tratado com cirurgia, radioterapia ou quimioterapia. É importante o estadiamento da doença, já que cânceres em estágios iniciais respondem a terapias diferentes das utilizadas em cânceres de estágio avançado.

Radioterapia. É usada para tratar câncer localizado, tanto para reduzir um tumor antes da cirurgia como para eliminar eventuais células cancerosas após a cirurgia. Atualmente, a radioterapia é uma técnica de alta precisão, que atinge de forma eficaz as células doentes e afeta minimamente outros órgãos e tecidos normais.

Quimioterapia. Diferente da radioterapia, os medicamentos usados na quimioterapia podem atingir qualquer parte do corpo, através da corrente sanguínea. Na maioria das vezes, é utilizada uma combinação de drogas - administradas por via oral ou injetadas - em ciclos, que se seguem a períodos de recuperação, ao longo de seis meses, em média. Após as cirurgias, ela reduz bastante o risco de reaparecimento do câncer.

Imunoterapia. São terapias que usam a habilidade do próprio organismo de combater a doença, já que há fortes indícios de que o nosso sistema de defesa tem papel importante na resposta ao câncer. Ela pode ser usada de forma combinada com radioterapia e quimioterapia.

TERAPIAS ALTERNATIVAS

Elas não fazem parte do tratamento-padrão de câncer e podem incluir a administração de complexos alimentares, vitaminas, ervas e massagens com objetivos curativos, etc. A maioria das terapias não tem benefício comprovado. Além disso, algumas ervas e complementos podem trazer danos ao paciente que se trata de câncer. Por isso, é importante discutir qualquer terapia alternativa com o médico ou equipe que acompanha o tratamento antes de aderir a uma destas opções.

O objetivo do tratamento é a remissão do tumor, período em que a doença responde ao tratamento ou fica sob controle. Remissão total é a ausência de sintomas e sinais do câncer. Durante o tratamento, quando o tumor é reduzido mas não desaparece, diz-se que há uma remissão parcial. Remissões podem durar de semanas a vários anos. E remissões completas podem se prolongar por anos e ser consideradas curas.

Câncer de Pulmão

Inspira, expira, inspira...
 
Os pulmões são dois órgãos esponjosos localizados no peito. O direito tem 3 partes, chamadas lobos e o esquerdo, 2 - ele é menor porque o coração também fica desse lado do corpo. Sua função é trazer oxigênio do ar para o organismo e expelir gás carbônico. Os pulmões são protegidos por um envoltório, a pleura, que permite que eles se movam durante a respiração. É a traquéia que leva o ar até os pulmões. Ela se divide em dois ramos, chamadosbrônquios e, por sua vez, cada um deles se divide em ramos menores, os bronquíolos. Ao final dos bronquíolos estão pequeninos sacos de ar, os alvéolos.
 
A maioria dos cânceres de pulmão tem início no revestimento dos brônquios e leva anos para se desenvolver. Primeiro, surgem lesões pré-cancerosas no pulmão, que não podem ser detectadas por raios-X e não causam sintomas. Essas alterações, porém, podem ser detectadas por análise de células que revestem as vias respiratórias dos fumantes.
 
À medida que essas áreas pré-cancerosas se tornam cancerosas, elas passam a produzir substâncias capazes de produzir novos vasos sanguíneos (angiogênese) nas proximidades. São esses novos vasos sanguíneos que vão fornecer nutrientes para as células cancerosas e possibilitar a formação do tumor. Finalmente, o câncer cresce o bastante para ser detectado pelo raio-x. Assim que se forma, as células cancerosas podem se desprender do tumor, viajar pelo organismo e formar outros tumores em outras partes do corpo, um processo chamado metástase. O câncer de pulmão é hoje um dos mais mortais porque costuma se espalhar antes de ser diagnosticado.
Só nos Estados Unidos são registrados 170 mil novos casos de câncer de pulmão por ano, um número que no Brasil está em torno dos 27 mil, uma estatística que muitos acreditam ser subestimada. Só nos EUA, cerca de 160 mil pessoas vão morrer de câncer de pulmão este ano, enquanto por aqui as estimativas são de cerca de 15 mil. Cerca de 60% dos pacientes morrem ao longo dos primeiros 12 meses após o diagnóstico e 75% após 2 anos – e esses números permanecem inalterados há 10 anos.
Tipos de câncer de pulmão

Há dois tipos principais de câncer de pulmão, que exigem tratamentos diferentes:
-  Câncer de pulmão de células pequenas
-  Câncer de pulmão de não-células pequenas
 
Se o câncer tem características de ambos é chamado de câncer misto de células grandes e pequenas.
 
Cerca de 85% dos cânceres de pulmão são do tipo não-pequenas células, que se divide em três subtipos, de acordo com a forma e características das células:
Carcinoma epidermóide ou de células escamosas: representa entre 25% e 30% dos cânceres de pulmão. Estão associados ao fumo e tendem a aparecer perto dos brônquios.
Adenocarcinoma: responde por 40% dos cânceres de pulmão e geralmente surge na parte periférica do pulmão.

Carcinoma de células grandes: representam entre 10% e 15% dos casos, pode aparecer em qualquer parte do pulmão e tende a crescer e se disseminar depressa.
 
Cerca de 15% dos casos de câncer de pulmão são do tipo de célula pequena. Ele geralmente começa nos brônquios, perto do centro do peito. Embora essas células cancerosas sejam pequenas, elas se multiplicam rapidamente e formam tumores grandes que se espalham por várias partes do corpo. Isso significa que o tratamento do carcinoma pulmonar de células pequenas precisa incluir drogas capazes de matar células cancerosas em várias partes do organismo. Esse é basicamente um câncer de fumantes, raríssimo em pessoas que nunca fumaram.
 
Como a maioria dos cânceres de pulmão em estágio inicial não apresenta sintomas, apenas uma pequena parcela de casos de câncer de pulmão é diagnosticado do início. Geralmente, a doença é descoberta por acaso, quando o paciente está sendo examinado por outro motivo.
 
Screening
 
Screening é o uso de testes para diagnosticar uma doença em pessoas que não apresentam sintomas. Como o câncer de pulmão costuma se disseminar para outros órgãos antes de ser diagnosticado, um teste desses poderia salvar muitas vidas. Durante anos, raios-X de tórax e análise microscópica de escarro têm sido avaliados, mas nenhum dos dois é capaz de detectar câncer de pulmão em estágio inicial a ponto de aumentar as chances de cura. Recentemente, uma nova técnica chamada tomografia computadorizada espiral se mostrou promissora para diagnosticar câncer de pulmão inicial em fumantes e ex-fumantes. O problema é que esse sistema encontra várias lesões que nada têm a ver com câncer, o que resulta em exames e cirurgias desnecessários. Para verificar se esse método oferece alguma vantagem, alguns países estão conduzindo uma pesquisa ampla.
 
Sintomas e sinais de câncer de pulmão
 
Embora a maioria dos casos de câncer de pulmão não apresente sintomas antes de se espalhar, é bom estar atento a alguns sintomas e relatá-los a seu médico. Geralmente esses problemas e sintomas são causados por outros fatores que não o câncer, mas se for um tumor, a detecção precoce pode ajudar o paciente a viver mais e aliviar sintomas. Os mais comuns são:
- Tosse que não passa
- Dor no peito, que geralmente piora quando se respira fundo
- Rouquidão
- Perda de peso sem motivo
- Perda de apetite
- Presença de sangue no catarro
- Falta de fôlego
- Bronquites e pneumonias recorrentes (isto é, que voltam)
- Respiração pesada e difícil (como a dos asmáticos)
 
 
Quando o câncer de pulmão se espalha para outros órgãos ele pode causar:
- Dor nos ossos
- Fraqueza ou dormência de braços e pernas
 Tontura ou convulsões
- Icterícia (que deixa a pele e os olhos com um tom amarelado)
- Aparecimento de nódulos na superfície do corpo, causados pela disseminação do câncer para a pele ou gânglios linfáticos na região do pescoço e peito
 
Exames
 
Diante da suspeita de câncer de pulmão, seu médico poderá pedir uma série de exames.
 
Diagnóstico por imagem
 
Raios-X de tórax: é o primeiro que o médico pede para checar se há presença de manchas ou massas tumorais. Se o raio-x é normal, você provavelmente não tem a doença. Se houver alguma formação suspeita, sue médico pedirá outros exames.
Tomografia computadorizada: São múltiplas imagens de raios-X, produzidas enquanto a máquina gira em torno do paciente, combinadas por computador, para produzir uma imagem detalhada de uma parte do organismo. Geralmente, depois que as primeiras imagens são feitas, um contraste radiativo é injetado no paciente para definir melhor as estruturas do corpo. Em seguida, nova série de tomadas é feita. O exame é mais demorado que o raio-x convencional e o paciente tem de ficar imóvel numa mesa por cerca de meia hora ou mais. Algumas pessoas ficam um pouco aflitas por causa da sensação de confinamento dentro do equipamento.
Algumas pessoas também são alérgicas ao contraste injetado e podem ter urticárias, uma sensação de calor ou, muito raramente, queda de pressão e dificuldade para respirar. É bom informar ao médico se você já teve reação alérgica a algum contraste, porque há medicamentos que podem evitar o problema.
  
A tomografia fornece informação precisa sobre tamanho, forma e localização do tumor e pode ajudar a identificar gânglios linfáticos aumentados, já invadidos pela doença. Ela é utilizada também para localizar tumores secundários (metástases) nas glândulas suprarenais, cérebro e outros órgãos internos.
Ressonância magnética (MRI): A ressonância usa ondas de rádio e ímãs fortes em vez de raios-X. A energia das ondas de rádio é absorvida e depois liberada num padrão dado pelo tipo de tecido do corpo e certas doenças. Um computador analisa os dados e os transforma em imagens detalhadas. 
O exame dura cerca de uma hora e o paciente fica deitado dentro de um tubo – o que é incômodo para quem sofre de claustrofobia. Além disso, a máquina faz um ruído que irrita algumas pessoas. As imagens da ressonância é particularmente útil para detectar se o câncer de pulmão se espalhou para o cérebro ou coluna.
Tomografia por emissão de positrons (PET): Esse exame usa uma forma radioativa de glicose que é absorvida em grande quantidade pelas células cancerosas e é detectada por uma câmera especial. É um exame importante para casos de câncer de pulmão em estágios iniciais, pode mostrar se a doença atingiu os gânglios linfáticos e definir se uma mancha que apareceu nos raios-X é câncer ou não. Também é útil quando o médico suspeita que o câncer já se espalhou, mas não sabe para quais órgãos. 
Cintilografia óssea: neste exame, uma pequena quantidade de um composto radioativo (geralmente difosfonato de tecnécio) é injetada no paciente e essa substância se acumula em áreas dos ossos anormais por vários motivos, entre eles metástase. O exame é feito rotineiramente em pacientes com carcinoma de células pequenas. Nos portadores de câncer de pulmão de não pequenas células ele só é feito quando o médico suspeita de comprometimento dos ossos, mas outros exames não conseguem mostrar a metástase.
 
Análise de tecidos e células
 
Alguns destes exames são usados para confirmar ou não se a massa de células detectada nos exames por imagem é um câncer de pulmão, de que tipo de câncer se trata e o quanto ele se espalhou. 
 
Citologia do escarro: uma amostra de escarro (geralmente obtida pela manhã) é examinada ao microscópio para verificar a presença de células cancerosas.
Biópsia por agulha: com a ajuda de um fluoroscópio (aparelho semelhante ao de raios-X, mas que mostra imagem numa tela, em vez de chapa) ou de tomografia, o médico insere uma agulha na direção do tumor e aspira uma amostra de tecido. Depois, a mostra é analisada ao microscópio para ver se há células cancerosas. 
Fibrobroncoscopia: neste exame o paciente é sedado e um tubo flexível, com fibras ópticas, o broncoscópio, é introduzido na boca até atingir os brônquios. Ali, a área da lesão suspeita é lavada e uma pequena escova é passada no local. As amostras são analisadas mais tarde em microscópio. Ele ajuda a detectar tumores e pode retirar amostras de tecido ou de secreções pulmonares para posterior análise. 
Ultrassom endobronquial: nesta técnica, um emissor e receptor de ultra-som é colocado na ponta do broncoscópio. Isso ajuda a avaliar o tamanho do tumor e a identificar gânglios linfáticos aumentados. Uma agulha fina, guiada pelo ultra-som, também pode ser utilizada para obter amostras dos nódulos.
Ultrassom endoscópico de esôfago: neste caso, o esofagoscópio (tubo usado para examinar o esôfago) recebe um emissor e receptor de ultra-som em sua ponta. O esôfago fica perto de alguns gânglios linfáticos do peito para os quais o câncer de pulmão pode se espalhar. O exame ajuda a identificá-los e permite a inserção de uma agulha fina para obter amostras de tecido desses nódulos. 
Mediastinoscopia e mediastinostomia: para os dois procedimentos o paciente recebe anestesia geral. Na mediastinoscopia, uma pequena incisão (corte) é feita no pescoço e um tubo oco, com luz, é inserido atrás do esterno. Usando equipamento especial através desse tubo, o especialista pode obter amostras dos gânglios linfáticos do mediastino (ao longo da traquéia e dos brônquios). A análise microscópica das amostras mostra se há células cancerosas presentes.
Na mediastinostomia, o cirurgião faz uma pequena incisão no peito ao lado do osso esterno, permitindo que ele alcance nódulos linfáticos inacessíveis através da mediastinoscopia.
Toracocentese e toracoscopia: ambos os procedimentos são realizados para verificar se há acúmulo de líquido ao redor dos pulmões, na pleura, já que isto pode causar infecções e problemas cardíacos. Na toracocentese, uma agulha é introduzida entre as costelas para drenar o líquido – que posteriormente é analisado ao microscópio para ver se contém células cancerosas. O método é usado para remover líquido também, já que seu acúmulo impede que os pulmões se encham de ar. Há testes químicos também que ajudam a distinguir se o acúmulo de líquido é causado por tumor maligno ou outra doença. 
Na toracoscopia, um tubo conectado a uma câmera de vídeo é usado para observar o espaço entre os pulmões e a cavidade torácica e para remover amostras de tecido.
Exames de sangue: um hemograma completo mostra se a contagem de suas células sanguíneas está normal ou se você está com anemia, por exemplo. Exames de sangue regulares são importantes para quem faz quimioterapia, já que esse tratamento afeta temporariamente as células da medula que dão origem às células do sangue.Há exames que revelam alterações químicas, indicando que o câncer se espalhou para o fígado ou ossos. Níveis elevados no sangue de uma substância chamada lactato dehidrogenase (LDH) geralmente indicam que não são boas as chances de cura e sobrevivência no longo prazo.
 
Fator de risco é qualquer elemento ou comportamento que aumente a chance de alguém desenvolver a doença. No caso do câncer de pulmão, há fatores de risco que podem ser evitados - como o fumo - e outros sobre os quais não há controle, como a idade do paciente e seu histórico familiar. Vários fatores podem aumentar o risco de câncer de pulmão:
 - Fumo: é o principal fator de risco, responsável por 9 a cada 10 casos. Quanto mais cigarros a pessoa fuma por dia e por quanto mais tempo mantém o hábito, maior o risco de desenvolver câncer de pulmão. Quando o fumante deixa o cigarro antes do câncer aparecer, o tecido pulmonar volta ao normal aos poucos. Parar de fumar reduz o risco de aparecimento de câncer em qualquer idade. Os chamados cigarros light – com teores mais baixos de alcatrão. não fazem “menos mal”. Cigarros contêm mais de 4.700 substâncias tóxicas, algumas delas carcinogênicas. Quando a fumaça é aspirada (tragada), essas substâncias penetram nas células. A exposição prolongada a esses agentes (por décadas de fumo ativo ou passivo) aumenta a chance de algumas delas provocarem mutações do DNA das células por onde passam. O mesmo vale para o charuto e cachimbo, que também aumentam o risco de câncer de pulmão. Pessoas que não fumam, mas convivem com fumantes – os chamados fumantes passivos – também têm risco aumentado. Não-fumantes casados com fumantes correm risco 30% maior de ter câncer de pulmão que os casados com não-fumantes.

-  Amianto: pessoas que trabalham com amianto correm risco maior de ter câncer de pulmão, e se forem fumantes o risco cresce ainda mais. Trabalhadores que lidam com amianto podem desenvolver um câncer do revestimento dos pulmões, chamado mesotelioma.

- Radônio: é um gás radiativo produzido pela quebra natural do urânio e, em algumas regiões, aparece em níveis acima do normal no solo. O gás é incolor, não tem cheiro nem gosto e pode se acumular em casas ou ambientes fechados, aumentando o risco de câncer.

- Agentes cancerígenos no local de trabalho: são substâncias que aumentam o risco da doença e podem ser empregadas em alguns processos industriais. Pessoas que têm contato com elas no ambiente de trabalho precisam ter equipamentos especiais e tomar cuidado para não se expor a:
-  urânio
-  berilo
- cloreto de vinila (usado na fabricação de PVC)
- cromo
- carvão
- gás mostarda
- compostos resultantes da queima de diesel
- benzina
-  cloroéteres
- Maconha: cigarros de maconha contêm mais alcatrão do que os cigarros comuns; e várias das substâncias cancerígenas presentes no tabaco aparecem também na maconha. Há indícios de que a maconha pode causar câncer de boca e garganta, mas como a droga é ilegal não se pode fazer estudos amplos sobre o tema.
- Radioterapia na região do tórax: pessoas submetidas à radioterapia para tratamento de câncer correm maior risco de ter câncer de pulmão, especialmente se forem fumantes. Mas mulheres não-fumantes que fizeram radioterapia para tratamento de câncer de mama após cirurgia não correm risco maior.
- Doenças: como silicose e berilose, provocadas pela inalação de certos minerais, também aumentam as chances de aparecimento de câncer do pulmão.
- Histórico familiar e pessoal: se você já teve câncer de pulmão, corre maior risco de ter outro. Irmãos e filhos de pessoas que tiveram câncer de pulmão correm risco levemente maior de desenvolver a doença.
- Alimentação: Algumas pesquisas indicam que uma dieta pobre em frutas, legumes e verduras pode aumentar o risco de surgimento de câncer de pulmão em fumantes. A hipótese é de que substâncias presentes nesses vegetais protejam os pulmões.
- Poluição: Acredita-se que a poluição do ar aumente levemente o risco de câncer de pulmão, mas esse risco é consideravelmente menor que o oferecido pelo cigarro.
 
Nos últimos anos, cientistas fizeram grandes progressos e descobriram como os fatores de risco produzem certas alterações no DNA das células pulmonares, transformando-as em células cancerosas. DNA é o material genético que contém as informações para praticamente tudo que nossas células fazem. Um dos objetivos das pesquisas é desenvolver testes capazes de detectar essas mudanças do DNA e detectar o câncer de pulmão em seus estágios iniciais.
 
 
Como evitar a doença:
 
A melhor maneira de prevenir o câncer de pulmão é não fumar e evitar o contato com fumantes. Se você é fumante, procure um serviço especializado que pode ajudá-lo a deixar o vício, com adesivos, chicletes e até medicamentos. Uma dieta rica em vegetais também é recomendável.
 
Algumas pessoas, porém, desenvolvem câncer de pulmão sem se expor a nenhum dos fatores de risco. Portanto, não é possível prevenir todos os cânceres de pulmão.
 
Nos casos de tratamento de câncer de pulmão, as opções são cirurgia, quimioterapia e radioterapia, às vezes combinadas, dependendo do tipo e do estágio da doença. O médico deverá explicar as opções, os efeitos colaterais e as suas chances de sobrevivência à doença. Ouvir uma segunda opinião, e consultar outro especialista costuma ser uma boa idéia, que dá mais confiança ao paciente quanto à escolha da terapia.
Cirurgia: 
ela é usada para remover o tumor e parte do tecido a seu redor. Se a cirurgia remove apenas parte do lobo pulmonar ela é chamada de ressecção em cunha (ou ressecção limitada). Se o lobo inteiro é retirado, ela é chamada lobectomia. Se o pulmão inteiro é removido, a cirurgia é chamada pneumectomia. Os nódulos linfáticos também são removidos para ver se o câncer se espalhou.
As novas técnicas cirúrgicas - com cortes menores e, muitas vezes evitando o corte de músculos - e melhores analgésicos reduziram bastante a dor no pós-operatório, mas ela existe. Em alguns casos, especialmente de câncer em estágio inicial, o especialista pode optar pela videotoracoscopia, em que o processo é acompanhado por uma câmera e apenas pequenas incisões são feitas para remoção do tecido, o que agiliza a recuperação no pós-operatório.
Doentes que não têm outros problemas pulmonares (como enfisema ou bronquite crônica, comuns em fumantes) geralmente retomam as atividades normais em pouco tempo. Os demais podem ter problemas respiratórios permanentes.
Pessoas que não podem fazer essas operações por causa de outros problemas médicos ou porque o câncer já se espalhou bastante podem recorrer a outras técnicas cirúrgicas para aliviar seus sintomas.

Radioterapia:
 é o tratamento com raios de alta energia que matam as células cancerosas ou fazem o tumor encolher. A fonte pode ser externa ou interna (braquiterapia), em que o material radiativo é colocado diretamente no tumor ou perto dele. No caso do câncer de pulmão geralmente se usa a radiação de fonte externa.

Às vezes, a radioterapia é o principal tratamento para pacientes de câncer de pulmão, especialmente daqueles que não podem ser submetidos à cirurgia. Para os demais, a radioterapia pode ser usada após a cirurgia para matar áreas cancerosas que não puderam ser identificadas e removidas na operação. Ela também pode ser empregada para aliviar sintomas como dor, sangramentos, problemas na deglutição (para engolir) ou causados pela disseminação do tumor no cérebro. 

Os efeitos colaterais incluem problemas na pele, náusea, vômitos e cansaço, que geralmente desaparecem em pouco tempo. A radioterapia na região do tórax pode danificar o pulmão e causar problemas na respiração e deglutição. Os efeitos da radioterapia no cérebro em geral aparecem um ou dois anos após o tratamento e podem incluir perda de memória, dores de cabeça, problemas de raciocínio e perda do desejo sexual. Vale lembrar que os equipamentos usados hoje em dia são bastante precisos e podem reduzir bastante o risco de aparecimento desses efeitos. 


Quimioterapia:
 é o tratamento com uma ou mais drogas injetáveis ou administradas por via oral, que caem na corrente sanguínea e atingem o corpo todo, o que torna a terapia bastante útil nos casos em que há metástase, isto é, quando o câncer se espalhou para outros órgãos.

A quimio mata as células cancerosas, mas também as normais, causando efeitos colaterais, que dependem do tipo de drogas usadas no tratamento, a dose e a duração da terapia. Os efeitos mais comuns são:

-  Perda de apetite
-  Perda temporária dos cabelos
-  Aparecimento de lesões na boca
-  Diarréia
-  Maior suscetibilidade a infecções, por causa da redução no número de glóbulos brancos
-  Aparecimento de hematomas após pancadas leves ou de sangramentos em cortes    
   pequenos por causa da queda na quantidade de plaquetas no sangue
-  Cansaço ou falta de fôlego, causado pela diminuição no número de glóbulos vermelhos


Alguns quimioterápicos afetam os nervos e podem causar dormência nos dedos das mãos e pés e às vezes provocam fraqueza nas pernas e braços. A maioria dos efeitos colaterais desaparece com o fim do tratamento.


Há uma nova droga disponível para os pacientes em que a quimioterapia não funcionou, o cloridrato de erlotinibe (nome comercial Tarceva), um comprimido que impede que a célula cancerosa se divida e prolifere. O medicamento, já aprovado nos Estados Unidos e Europa para tratamento de câncer de pulmão de não-células pequenas, deve ser liberado em breve também no Brasil. Entre seus efeitos colaterais estão diarréia, acne, problemas de visão, cansaço, vômitos e perda de apetite.


Outra droga nova indicada para a doença é o bevacizumabe (nome comercial Avastin), que pertence a uma nova classe de medicamentos, os chamados antiangiogênicos, remédios que impedem a formação de novos vasos sanguíneos e, assim, que nutrientes cheguem ao tumor. Um dos efeitos colaterais é provocar sangramentos, o que impede seu uso por pacientes que tossem sangue ou que têm metástase no cérebro.
 

Sobrevida

A taxa de sobrevida após 5 anos indica a porcentagem de pacientes de câncer de pulmão que vive pelo menos 5 anos após o diagnóstico. Claro que muitos doentes vivem mais que 5 anos. E este índice não inclui pacientes que morrem por outras causas, como enfarte, por exemplo. Esses números representam um panorama geral, mas cada caso é único e as estatísticas não podem prever especificamente o que vai ocorrer com o seu caso. Só a equipe que atende cada paciente pode tirar suas dúvidas sobre suas chances de cura e sobrevida.  

Estágio
Taxa de sobrevida após 5 anos
I
47%
II
26%
III
8%
IV
2%

 
Seguimento
 
Após o final do tratamento do câncer do pulmão há necessidade de acompanhamento periódico com o oncologista, com a finalidade de pesquisar uma possível recorrência do tumor, ou mesmo o aparecimento de outros tumores. O acompanhamento consiste em consulta médica onde são pesquisados alguns sintomas e sinais, além de exames radiológicos solicitados pelo oncologista conforme a necessidade de cada caso. Nos primeiros dois anos o acompanhamento é feito a cada três meses, do segundo ao quinto ano, a cada seis meses e anualmente depois do quinto ano do término do tratamento.


Estadiamento


Estadiamento é o processo de descobrir quanto o câncer se espalhou e isso determina tanto o tratamento quanto as suas chances de recuperação. Os estágios da doença são indicados por algarismos romanos, que vão de zero a IV (4) e quanto maior o número, mais grave a fase da doença. Os sistemas de estadiamento para carcinoma pulmonar de células pequenas e de não células pequenas são diferentes.

No caso do câncer de pulmão de não células pequenas o sistema usado é o chamado AJCC, utiliza algarismos romanos de 0 a IV (0 a 4) e alguns estágios são divididos em A e B. Em geral, quanto menor o número, menor a chance de o câncer ter se espalhado. Quanto maior o número, mais grave a doença. 
 

Câncer de Próstata

A próstata é uma glândula do tamanho de uma noz que só os homens têm. Fica logo abaixo da bexiga e na frente do reto e a uretra, o canal que transporta urina passa através dela. A próstata contém pequeninas glândulas especializadas que produzem parte do líquido seminal ou sêmen, que protege e nutre os espermatozóides.

Hormônios masculinos fazem com que a próstata se desenvolva no feto e ela vai crescendo à medida que um menino se torna adulto. Se o nível de hormônios masculinos for baixo, a glândula não vai atingir suas dimensões totais. Em homens mais velhos, freqüentemente à parte da glândula em torno da uretra cresce continuamente, causando a hiperplasia prostática benigna (HPB), que causa dificuldades no ato de urinar.

Embora a próstata seja constituída por vários tipos de células, a maioria dos cânceres de próstata tem origem nas células das glândulas que produzem líquido seminal. Eles são chamados de adenocarcinomas.

Na maioria das vezes, o câncer de próstata tem desenvolvimento lento e alguns estudos mostram que cerca de 80% dos homens de 80 anos, que morreram por outros motivos, tinham câncer de próstata e nem eles nem seus médicos desconfiavam. Em alguns casos, porém, ele cresce e se espalha depressa.

Alguns especialistas acreditam que o câncer de próstata começa com pequenas mudanças no tamanho e forma das células das glândulas da próstata. Essa alteração, conhecida como neoplasia intraepitelial prostática (PIN), podem ser de baixo grau (quase normais) ou de alto grau (anormais). Biópsia de próstata com PIN de alto grau indica grande chance de haver células cancerosas e exige novo exame.

Este ano, cerca de 47 mil brasileiros receberão diagnóstico da doença, comparados a mais de 230 mil americanos. No Brasil, o câncer de próstata é a segunda causa de morte por câncer entre homens, ficando atrás apenas do câncer de pulmão. Nos EUA, é a terceira causa de morte por câncer, atrás do de pulmão e colorretal. Nos estados Unidos, as estatísticas indicam que 1 a cada 6 homens vai ter câncer de próstata, mas apenas 1 em cada 34 vai morrer por causa da doença. A taxa de mortalidade da doença está em queda, em parte porque está sendo diagnosticada precocemente.
Biópsia: a biópsia é o único procedimento capaz de confirmar a presença de um câncer. O principal método utilizado nos casos de próstata é a core biópsia ou punção por agulha grossa. Em boa parte das vezes, o exame é feito com auxílio de uma ultrassonografia transretal, que ajuda a guiar o médico na inserção de uma agulha pela parede do reto até a próstata, removendo uma pequena amostra de tecido. Alguns especialistas preferem realizar a biópsia através da pele entre o reto e o escroto. O procedimento é rápido (dura cerca de 15 minutos). Como o câncer pode estar em apenas uma pequena área da próstata, a biópsia pode remover apenas tecido saudável, no que os especialistas chama de "falso negativo". Por isso, se o médico tem fortes suspeitas de um tumor, o exame pode ser repetido.

Cintilografia óssea: este exame é feito quando há suspeita de que o câncer atingiu os ossos. Uma pequena quantidade de um composto radioativo (geralmente difosfonato de tecnécio) é injetada no paciente e essa substância se acumula em áreas dos ossos, com anormalidades, que podem ser causadas por metástase (a disseminação do câncer), artrite ou outras doenças dos ossos.

Tomografia computadorizada: São múltiplas imagens de raios-X, produzidas enquanto a máquina gira em torno do paciente, combinadas por computador, para produzir uma imagem detalhada de uma parte do organismo. Geralmente, depois que as primeiras imagens são feitas, um contraste radioativo é injetado no paciente para definir melhor as estruturas do corpo. Em seguida, nova série de tomadas é feita. O exame pode revelar se o câncer de próstata se espalhou para os gânglios linfáticos da pelve. O exame é mais demorado que o raio-x convencional e o paciente tem de ficar imóvel numa mesa por cerca de meia hora ou mais. Algumas pessoas ficam um pouco aflitas por causa da sensação de confinamento dentro do equipamento.

Ressonância magnética (MRI): A ressonância usa ondas de rádio e ímãs fortes em vez de raios-X. A energia das ondas de rádio é absorvida e depois liberada num padrão dado pelo tipo de tecido do corpo e certas doenças. Um computador analisa os dados e os transforma em imagens detalhadas. No caso de câncer de próstata, ele ajuda a ver se a doença atingiu as vesículas seminais e a bexiga.

O exame dura cerca de uma hora e o paciente fica deitado dentro de um tubo, o que é incômodo para quem sofre de claustrofobia. Além disso, a máquina faz um ruído que irrita algumas pessoas.

Radioimunocintilografia (ProstaScint): Como a cintilografia óssea, a radioimunocintilografia usa pequenas quantidades de material radioativo para ver se o câncer não está mais restrito à próstata, com a vantagem de que este exame identifica se a doença atingiu gânglios linfáticos e outros órgãos. Ele também identifica o câncer de outros problemas.

Biópsia de gânglio linfático: o exame é feito para checar se o câncer atingiu gânglios linfáticos. Se isto ocorreu, a cirurgia pode não ser a melhor opção de tratamento e o médico vai procurar alternativa. Há vários tipos de biópsia:

biópsia cirúrgica: o médico pode remover os gânglios linfáticos através de uma pequena incisão, durante a cirurgia para retirada da próstata. Os nódulos são analisados ao microscópio ainda durante a cirurgia e o resultado do exame ajuda o médico a decidir se é necessário remover mais tecido ou não.

laparoscopia: pequenas incisões são feitas no abdômen, através das quais câmera e equipamentos especiais são inseridos. O médico pode observar os nódulos linfáticos e removê-los. A vantagem é que a recuperação é rápida (1 ou 2 dias) e o paciente não fica com cicatrizes. O método pode ser usado quando médico e paciente optam por radioterapia em vez de cirurgia.

biópsia por aspiração com agulha fina (BAAF): o médico também pode obter amostra do tecido dos gânglios linfáticos usando uma agulha fina e tomografia para guiá-lo. O método não é muito utilizado em câncer de próstata.
O câncer de próstata pode ser diagnosticado precocemente pela combinação de um exame de sangue, que avalia os níveis de PSA (do inglês prostate-specific antigen, antígeno prostático específico), e pelo exame de toque retal. Como a próstata fica logo na frente do reto, o exame permite que o médico sinta se há nódulos ou tecidos endurecidos, indicativos da existência de câncer, provavelmente em estágio inicial.

É bom lembrar que esses exames não têm 100% de precisão e que a realização de novos testes vai depender de vários fatores, entre eles sua idade e estado geral de saúde. Pacientes jovens com câncer de próstata que não é diagnosticado precocemente podem ter reduzida sua expectativa de vida, enquanto que em pacientes idosos com saúde já abalada o câncer de próstata pode nem ser um problema sério, já que seu crescimento é lento.

A recomendação-padrão é que homens saudáveis façam exames anuais de PSA e toque retal a partir dos 50 anos. Homens com risco maior (aqueles que têm parentes que tiveram câncer de próstata jovens) devem começar os exames mais cedo, aos 40 anos.

Exame de PSA

O PSA é uma substância produzida normalmente pela próstata, em grande parte presente no sêmen e uma pequena quantidade no sangue. Na maioria dos homens, os níveis de PSA estão abaixo dos 4 ng/numberamel (nanogramas por mililitro), mas o câncer de próstata pode aumentar essa taxa. Se o nível de PSA está entre 4ng/numberamel e 10 ng/numberamel, há 1 chance em 4 de câncer de próstata. Se o PSA está acima de 10 ng/numberamel as chances de ter câncer vão subindo à medida em que aumentam os níveis de PSA. No entanto, há homens com PSA abaixo de 4ng/numberamel que têm câncer de próstata.

Outros fatores também podem desencadear aumento nos níveis de PSA, entre eles, ter HPB ou infecção na próstata, tomar certos medicamentos e envelhecimento. Homens com PSA elevado precisam fazer outros exames para ver se realmente têm câncer.

O PSA também é útil após o diagnóstico de câncer de próstata, para determinar o tipo de tratamento. Níveis muito altos podem indicar que o câncer já se espalhou e algumas formas de tratamento não são eficazes nestes casos, havendo alternativas melhores. O teste de PSA também pode ser usado para verificar se o tratamento está funcionando ou se o câncer voltou. Nos casos avançados da doença, a maneira como os valores do PSA se alteram pode ser mais importante do que os índices propriamente ditos.

Exame de toque retal

É realizado na tentativa de identificar áreas irregulares ou endurecidas na próstata. É justamente na área da glândula que pode ser alcançada pelo reto que começa a maioria dos cânceres de próstata. O exame é rápido, não dói, embora cause um certo desconforto. O toque retal é menos preciso que o exame de PSA, mas às vezes é capaz de detectar tumores em homens com PSA normal.

Sinais e sintomas

Em seus estágios iniciais, o câncer de próstata não costuma apresentar sintomas. Dificuldade para urinar pode ser sintoma de câncer, mas também de hiperplasia benigna. É recomendável consultar um urologista se o paciente apresentar os seguintes sintomas:

- urinar pouco de cada vez
- urinar com freqüência, especialmente durante a noite, obrigando-o a se levantar várias vezes para ir ao banheiro.
- dificuldade para urinar
- dor ou sensação de ardor ao urinar
- presença de sangue na urina ou sêmen
- ejaculação dolorosa
Pacientes com câncer de próstata podem ter de escolher entre uma série de diferentes tratamentos, cada uma com riscos, efeitos colaterais e conseqüências diversas para a sua vida. É preciso ter calma, assimilar bem as informações do médico, tirar dúvidas que dá mais segurança quanto às escolhas terapêuticas. O melhor tratamento para cada caso depende de uma série de fatores, como idade, estado geral de saúde. Seus sentimentos em relação aos efeitos colaterais de cada terapia, o estadiamento da doença e a chance de cada tratamento de curar o câncer.

Cirurgia, radioterapia e terapia hormonal são as opções mais comuns. A quimio pode ser usada em alguns casos e, em outros, médico e paciente podem optar por apenas acompanhar a evolução da doença, sem nenhuma forma ativa de tratamento.

Esperar para ver

Como alguns tipos de câncer de próstata crescem devagar, certos pacientes podem nunca precisar de tratamento, especialmente quando eles são idosos ou têm outros problemas de saúde. Nestes casos, o médico pode optar por acompanhar a doença e, literalmente, esperar para ver. O especialista vai acompanhar a doença através do teste de PSA e toque retal, sem recomendar cirurgia ou radioterapia, especialmente se o câncer não causa sintomas, tem crescimento lento e está restrito a uma área da próstata. Se o crescimento do tumor se acelerar, médico e paciente discutem a forma de tratamento. Esta não é opção para homens jovens, com boa saúde e câncer de crescimento rápido.

Cirurgia


Entre as vantagens da laparoscopia estão menor sangramento e dor, menos tempo de hospitalização e recuperação mais rápida. Em alguns centros médicos americanos, robôs-cirurgiões são usados no procedimento, acelerando ainda mais a recuperação.

Ressecção transuretral da próstata: é utilizada para aliviar sintomas, como dificuldade para urinar, em homens que não podem fazer outros tipos de cirurgia ou até mesmo nos que sofrem de hiperplasia benigna. Ela não remove todo o câncer.

Riscos e efeitos colaterais da prostatectomia radical

Os riscos são os mesmos das grandes cirurgias e dependem, em grande parte, do estado geral de saúde do paciente, sua idade e da experiência do cirurgião. Eles envolvem desde o aparecimento de coágulos nas pernas, hemorragias, infecções até enfartes.

Os principais efeitos colaterais da prostatectomia radical são a incontinência urinária (perda do controle da bexiga) e impotência, que também podem surgir como conseqüência de outros tratamentos:

Incontinência urinária: significa a perda de controle sobre o ato de urinar o que, além de conseqüências físicas, tem impacto emocional. O controle da bexiga volta para muitos homens depois de semanas ou meses da cirurgia, mas os médicos não têm como prever se e quando isso acontecerá. Os riscos de incontinência são menores quando a cirurgia é realizada em grandes centros, com médicos especializados na remoção da próstata. Casos de incontinências devem ser relatados ao médico, que vai sugerir meios de ajudar o paciente como exercícios que fortalecem a bexiga, administração de medicamentos ou mesmo cirurgia.

Impotência: os nervos que controlam a ereção podem ser afetados pela cirurgia, radioterapia ou outros tratamentos. Num período de 3 meses a 1 ano após a cirurgia é provável que o paciente não consiga ter uma ereção sem ajuda de medicamentos ou outro tipo de terapia. Depois disso, alguns vão ter vida sexual normal e outros continuarão a ter problemas, O risco de impotência depende de sua idade e do tipo de cirurgia. Quanto mais jovem o paciente, maiores as chances de recuperar a capacidade de ter ereção. Mas será um orgasmo "seco", já que o organismo não produz sêmen sem a próstata. O paciente deve conversar com seu médico sobre impotência, já que existem remédios, equipamentos e implantes que podem ajudá-lo em sua vida sexual.

Esterilidade: a prostatectomia radical secciona os canais entre os testículos (onde são feitos os espermatozóides) e a uretra, o que significa que o paciente se torna incapaz de ter filhos, o que não costuma ser problema para quem tem câncer de próstata, que atinge homens de mais idade. Pacientes mais jovens, porém, devem discutir a possibilidade de recorrer a uma clínica de fertilidade e armazenar esperma antes da cirurgia.

Radioterapia: é o tratamento com raios de alta energia que matam as células cancerosas ou fazem o tumor encolher. A fonte pode ser externa ou interna (braquiterapia), em que o material radiativo é colocado diretamente no tumor ou perto dele. Ela é usada às vezes no câncer de próstata que não atingiu outros órgãos ou se espalhou apenas para tecidos próximos e parece funcionar tão bem quanto a cirurgia em certos casos. Se a doença estiver em estágio mais avançado, ela pode ser empregada para encolher o tumor e aliviar a dor:

Radioterapia externa ou radioterapia por fonte externa: O tratamento dura apenas alguns minutos e é feito várias vezes por semana. Os efeitos colaterais incluem diarréia - às vezes com sangue nas fezes, irritação intestinal, micção freqüente, ardor ao urinar, sangue na urina ou sensação constante de que a bexiga está cheia. A incontinência urinária é menos comum que na cirurgia, mas existem casos e algumas pesquisas indicam que esses casos aumentam ao longo do tempo. Os casos de impotência aparecem um ano ou mais após o tratamento - 50% deles reagem bem a medicamentos.

Braquiterapia ou radioterapia por fonte interna: utiliza sementes radiativas do tamanho de um grão de arroz que são colocadas diretamente na próstata. Podem ser temporárias (altas doses) e permanentes (com doses mais baixas de radiação). A primeira exige internação por alguns dias e consiste na aplicação de material radiativo por período e 5 a 15 minutos, depois dos quais as sementinhas são retiradas. O procedimento é repetido por alguns dias, durante os quais o paciente fica internado e se recomenda que evite o contato com mulheres grávidas e crianças pequenas. Nos implantes definitivos, recomenda-se que o paciente não tenha contato prolongado com grávidas e crianças pequenas nos dois primeiros meses do tratamento.

Criocirurgia ou crioablação: é a introdução de sondas que produzem temperaturas muito baixas e congelam as células cancerosas. As sondas são posicionadas através de incisões entre o ânus e o escroto e gases frios criam pequenas bolas de gele que provocam o congelamento dos tecidos doentes. A criocirurgia é uma opção para os casos em que o câncer ainda está restrito à próstata em pacientes que não são candidatos à cirurgia ou radioterapia: Um cateter também é colocado para que, quando a próstata inche, a urina não fique retida na bexiga. O cateter é retirado depois de alguns dias e o paciente sente um certo desconforto na região em que as sondas foram introduzidas.

Hormonioterapia ou Privação androgênica: seu objetivo é baixar os níveis de hormônios masculinos (andrógenos) como a testosterona, já que eles estimulam o crescimento das células cancerosas. A hormonioterapia não substitui os tratamentos destinados a curar o câncer, apenas encolhe o tumor ou reduz seu ritmo de crescimento. Às vezes ela é usada antes da cirurgia ou radioterapia para encolher o tumor. Ela é empregada também nos casos em que cirurgia e radioterapia não são boas opções para o paciente, quando o câncer se espalha ou ainda quando volta após um primeiro tratamento. Além disso, a hormonioterapia alivia sintomas e alguns médicos acreditam que ela funciona melhor se iniciada logo que o câncer atinge um estágio avançado, mas não há consenso quanto a isso. Como quase todos os cânceres de próstata se tornam resistentes a essa terapia, os médicos podem interrompê-la temporariamente e retomá-la posteriormente. Há vários métodos usados na hormonioterapia, entre eles:

Orquiectomia ou castração cirúrgica: é a remoção dos testículos, principal fonte de hormônios masculinos. O procedimento é simples, mas é permanente e provoca a perda definitiva do desejo sexual, daí a dificuldade de muitos pacientes em aceitá-la. Além disso, ela tem vários efeitos colaterais sérios, entre eles ondas de calor, crescimento das mamas, osteoporose, fraqueza, perda de massa muscular, anemia, cansaço, baixos níveis de colesterol bom, depressão e aumento do peso. Vários deles têm tratamento.

Terapia com análogo de LHRH ou castração química: são drogas injetáveis que reduzem os níveis de hormônios como na orquiectomia, administradas mensalmente, ou a cada três meses. Essas drogas são chamadas análogos ou agonistas do receptor do hormônio liberador do hormônio luteinizante. Muitos homens preferem essa terapia à alternativa cirúrgica. Os efeitos colaterais, porém, são os mesmos.

Antiandrogênicos: são drogas que bloqueiam a capacidade do corpo de usar androgênicos. Mesmo depois da remoção dos testículos ou durante o tratamento com LHRH, as glândulas adrenais (ou supra-renais) continuam a produzir uma pequena quantidade de androgênios. Antiandrogênicos podem ser usados com a orquiectomia ou análogos de LHRH para bloquear os hormônios masculinos. Entre seus efeitos colaterais estão diarréia, náusea, problemas no fígado e cansaço. Também parecem causar menos problemas para a vida sexual do paciente.

Quimioterapia: é o tratamento com uma ou mais drogas injetáveis ou administradas por via oral, que caem na corrente sanguínea e atingem o corpo todo, destruindo as células cancerosas. Até pouco tempo atrás, a quimio não funcionava bem em pacientes com câncer de próstata, mas novas drogas têm se mostrado eficazes para aliviar os sintomas de doentes em estágio avançado. A quimioterapia é usada às vezes quando o câncer não está mais restrito à próstata e a hormonioterapia não dá resultados. A quimio não cura o câncer, mas reduz o ritmo de crescimento do tumor, a dor e podem prolongar a vida. Ela destrói células cancerosas, mas também mata células sadias, o que produz certos efeitos colaterais, entre eles náusea, vômitos, perda de apetite, queda de cabelos e lesões na boca. Além disso, o paciente fica sujeito a maior risco de infecções (por queda na quantidade de glóbulos brancos), risco maior de sangramentos e hematomas (por diminuição no número de plaquetas) e cansaço (por falta de glóbulos vermelhos).

Tratamento da dor e outros sintomas

Ter qualidade de vida durante e depois do tratamento também são metas importantes. A equipe médica deve ser informada de dores e outros sintomas que incomodem o doente. A radioterapia e drogas radiofarmacêuticas também podem ser utilizadas para tratar a dor provocada pelo câncer que atingiu os ossos. São substâncias com elementos radiativos que, injetadas, se acumulam nas partes dos ossos com células cancerosas. Esse procedimento é eficaz em 80% dos pacientes com câncer que atingiu os ossos, para alívio dos sintomas.

Outro grupo de drogas que pode ajudar esses pacientes é o dos bisfosfonatos, que aliviam a dor, podem retardar o crescimento das células cancerosas e fortalecer os ossos de pacientes submetidos à hormonioterapia. Alguns pacientes, porém, sofrem efeitos colaterais graves, a morte de parte do osso da mandíbula, provocando infecções e perda de dentes. Por isso, médicos recomendam um check-up dentário completo antes de iniciar esse tipo de terapia.

Os corticosteróides também podem aliviar as dores nos ossos, bem como outros analgésicos.

Estadiamento

Saber em que estágio está o câncer é fundamental para o planejamento do tratamento, para que o paciente e seu médico possam discutir alternativas terapêuticas e para que a equipe que cuida do caso tenha uma perspectiva mais definida das possibilidades de recuperação.

O estadiamento do câncer de próstata tem como base o quanto às células da amostra se assemelham às células normais. Aquelas muito diferentes das normais podem indicar um câncer agressivo, que cresce depressa.

O sistema mais usado para estadiamento do câncer de próstata é chamado de escala de Gleason. Amostras de duas áreas da próstata são analisadas e graduadas de 1 a 5 e os resultados produzem o grau de Gleason, que vai de 2 a 10. Quanto menor o valor, mais as células das amostras se assemelham a células normais da próstata. Quanto maior o valor, mais provável que o câncer cresça rapidamente. Em alguns casos, as células não parecem cancerosas, mas também não parecem normais, o que significa que novas biópsias serão feitas posteriormente. Baseado nos resultados do toque retal, do PSA e da escala de Gleason, o médico fará o estadiamento do câncer de próstata, podendo, ainda, pedir novos exames, dependendo da presença de outros sintomas.

Na prática, existem dois sistemas de estadiamento do câncer de próstata. O estágio clínico é a estimativa da extensão da doença, dada pelo exame físico, exames de laboratório e outros. Após a cirurgia, e análise do tecido removido, o estadiamento pode mudar. Esta análise determina o estágio patológico da doença. Os estágios da doença são indicados por algarismos romanos, que vão de zero a IV (4) e quanto maior o número, mais grave a fase da doença.

Estádio I: O tumor ainda está confinado à próstata, sem comprometimento dos nódulos linfáticos e outros órgãos. Foi encontrado durante ressecção transuretral. Baixo grau de Gleason. Menos de 5% do tecido da biópsia contém câncer.

Estádio II: O tumor ainda está confinado à próstata, sem comprometimento dos nódulos linfáticos e outros órgãos. E há uma das seguintes condições:

- Tumor foi encontrado durante ressecção transuretral.Tem grau de Gleason igual ou acima de 5 ou mais de 5% do tecido de biópsia contém câncer. Ou foi percebido por causa de PSA alto, não pode ser sentido por toque retal nem visto por ultrassom transretal e foi diagnosticado por biópsia por agulha.
- Ou pode ser sentido por toque retal ou visto por ultrassom transretal.

Estádio II: O tumor se espalhou e pode ter atingido as vesículas seminais, mas não alcançou os gânglios linfáticos ou outros órgãos.

Estádio IV: Uma ou mais das seguintes condições estão presentes:

- O câncer se espalhou para tecidos próximos à próstata (que não as vesículas seminais), como os músculos que controlam no controle da urina, o reto ou a parede da pelve.
- O câncer atingiu os gânglios linfáticos.
- O câncer se espalhou para partes mais distantes do corpo.
 
Sobrevida

A taxa de sobrevida indica a porcentagem de pacientes de câncer de próstata que vive no mínimo 5 anos após o diagnóstico. Esses números representam um panorama geral, mas cada caso é único e as estatísticas não podem prever especificamente o que vai ocorrer com o seu caso. Só a equipe que atende cada paciente pode tirar suas dúvidas sobre suas chances de cura e sobrevida.

Nos Estados Unidos, 99% dos homens com câncer de próstata sobrevivem pelo menos 5 anos, pois atualmente cerca de 90% dos casos são diagnosticados quando o tumor ainda está restrito à próstata ou só atingiu tecidos próximos. Para aqueles cujo câncer já atingiu partes distantes do corpo, essa taxa está em torno dos 34%. Os avanços nas técnicas de diagnóstico e tratamento vêm provocando uma queda de 3,5% ao ano nas taxas de mortalidade por câncer de próstata.


Câncer de Pele : Não Melanoma

Pele, o maior órgão do corpo

Não costumamos pensar na pele como um órgão, mas é isso o que ela é: o maior órgão de nosso corpo, responsável pela troca de calor e água com o ambiente, encarregado de proteger os órgãos internos contra bactérias e de captar e enviar para o cérebro informações sobre calor, frio, dor e tato. A pele tem três camadas, a epiderme (mais externa), a derme e o tecido subcutâneo, mais profundo.

A epiderme é bem fina e, por sua vez, tem três camadas: a superior, formada por células chamadas queratinócitos, a média e a mais interna, formada pelas chamadas células basais.

As células basais dão origem aos queratinócitos também chamadas células escamosas, que produzem queratina e impermeabilizam a pele e, aos melanócitos, células que produzem melanina, o pigmento marrom que dá cor à pele e cuja função é proteger as camadas mais profundas da pele contra os efeitos nocivos da radiação solar.

Negros e brancos possuem a mesma quantidade de melanócitos, mas as pessoas de pele escura produzem mais melanina, especialmente uma chamada eumelanina, mais eficiente na proteção contra os raios ultravioletas (UV) do sol. É por isso que negros e afro-descendentes têm menor risco de desenvolver câncer de pele.

A derme, a camada intermediária da pele, é mais espessa que a epiderme e abriga as glândulas sebáceas, folículos pilosos (as raízes dos pêlos), vasos sanguíneos e nervos.

O tecido subcutâneo às vezes chamado de hipoderme é responsável pela retenção do calor do corpo e funciona como um "colchonete", que absorve impactos e protege os órgãos internos contra choques e pancadas.

Tipos de câncer de pele

O câncer de pele é o tipo de câncer mais comum e representa mais da metade dos diagnósticos de câncer. São mais de um milhão de novos casos por ano nos Estados Unidos e cerca de 120 mil novos casos no Brasil.

Há dois tipos básicos de câncer de pele, os não-melanoma, geralmente das células basais ou das escamosas, e os melanomas, que têm origem nos melanócitos, as células produtoras de melanina.

Os não-melanoma representam 95% do total dos casos de câncer de pele e os dois tipos mais comuns são o basocelular (carcinoma de células basais) e o espinocelular (carcinoma de células escamosas).

O carcinoma basocelular ou de células basais tem origem nas células basais da epiderme e representam 75% dos casos de câncer de pele. É mais comum em pessoas de meia-idade e idosos e geralmente aparece em áreas muito expostas ao sol, como o rosto e o pescoço. Como o hábito de tomar sol e ir à praia por longos períodos se popularizou nas últimas décadas, esse tipo de câncer tem aparecido em pessoas cada vez mais jovens. O carcinoma basocelular se desenvolve lentamente e dificilmente se espalha para outras áreas do corpo, mas exige tratamento mesmo assim. E, entre 35% e 50% das pessoas que tiveram esse câncer de pele vão ter outro num prazo de 5 anos após o diagnóstico. Isso significa que quem já teve câncer de pele tem de fazer um acompanhamento permanente.

O carcinoma espinocelular ou de células escamosas tem origem na camada mais externa da epiderme e responde por 20% do total de casos. Geralmente aparece no rosto, orelha, lábios, pescoço e no dorso da mão. Pode também surgir de cicatrizes antigas ou feridas crônicas da pele em qualquer parte do corpo e até nos órgãos genitais. Carcinomas espinocelulares têm risco maior que o basocelular de invadir o tecido gorduroso, atingir os linfonodos (gânglios linfáticos) e outros órgãos.

Há vários outros tipos de câncer não-melanoma, mas são bem mais raros e representam apenas 1% do total.

Lesões cancerizáveis da pele

A maioria dos tumores de pele são benignos, dificilmente se transformam em câncer, mas é um sinal de que alguma coisa está errada em sua pele e você deve procurar um especialista.

Queratose actínica: são lesões pré-cancerosas provocadas pelo efeito cumulativo da exposição aos raios ultravioleta. Caracteriza-se pelo aparecimento de pequenas lesões ásperas, avermelhadas ou cor da pele, no rosto, orelhas, dorso da mão, braços e até na cabeça de homens calvos. É mais comum em pessoas de meia-idade e pele clara.

São classificadas histologicamente em cinco tipos: hipertrófica, atrófica, bowenóide, acantolítica e pigmentada. Pode apresentar transformação desenvolvendo o carcinoma espinocelular.

Carcinoma espinocelular in situ ou doença de Bowen: é o estágio inicial do câncer de pele de células escamosas. In situ significa que o câncer ainda está restrito ao local onde se originou e se caracteriza pelo aparecimento de manchas rosadas na pele, também provocadas pela exposição ao sol. Clinicamente, caracteriza-se por área eritematosa coberta por crostas, com lesões bem definidas com bordas irregulares. A maioria dos pacientes são idosos e, em um terço deles as lesões são múltiplas. A cirurgia é o tratamento de escolha, com melhores índices de cura, porém a radioterapia, crioterapia e quimioterapia também são empregadas.

Leucoplasia oral: é caracterizada por mancha ou placa branca localizada na mucosa oral ou língua. As lesões são desencadeadas por trauma mecânico (próteses dentárias) ou trauma químico (fumo). A transformação maligna é rara, mas toda lesão leucoplásica na cavidade oral deve ser biopsiada. O tratamento consiste no afastamento do mecanismo de trauma, seja ele mecânico ou químico, e avaliação periódica. Cirurgicamente, podemos realizar biópsia excisional para lesões pequenas e a crioterapia ou eletrocoagulação para lesões maiores.

Carcinoma in situ da mucosa oral: ou papilomatose oral florida. O diagnóstico histológico é obrigatório. No tratamento cirúrgico das formas localizadas podemos utilizar a crioterapia ou curetagem e eletrocoagulação. O uso do etretinato sistêmico também é realizado com boas respostas.

Queratoacantoma: assemelha-se clínica e histopatologicamente ao carcinoma espinocelular. Localiza-se de preferência em áreas descobertas como face, antebraço, dorso das mãos e pescoço. Existem formas solitárias ou múltiplas. Há fase de crescimento rápido (4 a 8 semanas), período estacionário e involução espontânea (4 a 6 meses). A exérese total da lesão é importante para o diagnóstico e o exame histopatológico é imperativo.

Por ser um câncer que compromete inicialmente a pele, o diagnóstico precoce pode ser feito na maioria dos casos apenas com exame físico, dispensando a necessidade de exames sofisticados. O diagnóstico precoce é a chave para o tratamento de qualquer tipo de câncer, e também para o câncer de pele.

Várias são as características que podem levar a suspeitar de um câncer de pele: qualquer lesão de pele que apresente características semelhantes às descritas aqui devem ser analisadas por um profissional especializado, para seu correto diagnóstico e tratamento. A auto-medicação não é recomendada, pois aquilo que serviu para o seu vizinho pode não ser o melhor para você, e pior, pode ainda atrapalhar o seu tratamento.

São sinais característicos do câncer de pele:

Lesão em forma de nódulo de coloração rósea, avermelhada ou escura, de crescimento lento, porém progressivo;

Qualquer pinta na pele de crescimento progressivo, que apresente prurido (coceira), sangramento freqüente, ou mudança nas suas características (coloração, tamanho, consistência, etc.);

Qualquer ferida que não cicatrize espontaneamente em 4 semanas;

Qualquer mancha de nascimento que mude de cor, espessura, ou tamanho.

A avaliação médica, o exame físico minucioso e os métodos diagnósticos auxiliares (biópsia de pele, dermatoscopia) devem ser realizados quando necessário. A Dermatoscopia é um método usado para diagnosticar lesões de pele, incluindo nevos e outras lesões benignas, carcinomas e o melanoma cutâneo e, também, para indicar ou contra-indicar cirurgias.

O Dermatoscópio é um aparelho que emite luz halógena e amplia a lesão a ser examinada em 10 vezes. Podemos assim identificar estruturas e atribuir notas às lesões, classificando-as em benignas, suspeitas ou malignas.

Grupos de Risco para o Desenvolvimento de Câncer de Pele:

Vários são os sinais que devem alertar os médicos e pacientes quanto a possibilidade de um indivíduo vir a apresentar um câncer de pele:
- Pessoas com história pessoal de câncer de pele.
- Pessoas que possuem familiares que já tiveram câncer de pele.
- Pessoas de pele clara, olhos azuis ou verdes, cabelos loiros ou ruivos.
- Pessoas com a imunidade reduzida, por doença ou por medicamentos.
- Pessoas albinas ou portadoras de algumas doenças que predispõem ao câncer de pele.
- Pessoas que já se expuseram ou se expõem ao sol excessivamente.
- Pessoas expostas prolongadamente a raios X, raios ultravioleta, arsênico, ou outros produtos químicos.
- Pessoas que possuem uma quantidade grande de pintas.
- Pessoas que possuem cicatrizes há muitos anos, as quais apresentam ulcerações freqüentes.
A maioria dos cânceres de pele é causada pela radiação UV, mas há outros fatores que aumentam o risco do câncer de pele não-melanoma. Estes são alguns dos fatores de risco:

Já ter tido câncer de pele: a chance de ter outro é maior.

Exposição prolongada ao sol: expor-se a sol forte sem proteção de filtros (no mínimo fator 15) envelhece a pele e aumenta enormemente o risco de câncer no futuro.

Ter pele clara: O risco é bem maior entre pessoas brancas (loiras e ruivas) do que entre as negras ou afro-descendentes, o que não significa que negros não têm câncer de pele, só que é mais raro.

Homens: eles correm risco 2 vezes maior de ter carcinoma basocelular e 3 vezes maior de ter carcinoma espinocelular, provavelmente porque passam mais tempo ao ar livre.

Produtos químicos: Trabalhadores que lidam com arsênico (usado em alguns pesticidas), carvão, parafina, alcatrão e alguns óleos também correm risco maior de desenvolver câncer de pele.

Radioterapia: Pessoas que fizeram tratamento com radioterapia têm maiores chances de desenvolver carcinomas de pele, principalmente crianças submetidas à radioterapia.

Problemas de pele graves: cicatrizes crônicas de queimaduras, áreas da pele sobre infecções ósseas sérias e certas doenças da pele aumentam o risco de câncer não-melanoma, embora o risco seja pequeno.

Psoríase: Portadores da doença que tenham sido tratados com psoralen e radiação ultravioleta podem ter risco aumentado para câncer de pele não-melanoma.

Xeroderma pigmentoso: é uma doença genética rara. Os doentes, também conhecidos como "Filhos da Lua" têm um dano no DNA que impede o reparo da pele atingida pelos raios do sol e de algumas fontes de iluminação artificial (emissões de radiação ultravioleta). Os portadores podem ter vários cânceres de pele, começando já na infância.

Imunossuprimidos: Pessoas submetidas a transplantes e que tomam drogas para evitar a rejeição correm maior risco de ter câncer de pele, que, nestes casos, crescem mais depressa e podem até ser fatais.

Infecções: há indícios de que alguns cânceres de pele podem estar associados a infecções por Papilomavírus (HPV), um grupo de vírus que causa verrugas genitais.

Cigarro: O fumo é fator de risco para vários tipos de câncer, entre eles o carcinoma espinocelular de lábio e boca.

Como evitar a doença:

Filtro solar e chapéu são as melhores armas para prevenir o câncer de pele. O ideal é tomar sol na praia ou piscina, antes das 10 horas, ou à tarde, depois das 15 horas, sempre usando filtro solar (fator 15 no mínimo), chapéu e óculos escuros.

O cuidado deve ser redobrado com as crianças, porque a exposição exagerada ao sol nos primeiros 20 anos de vida é decisiva para o aparecimento de câncer de pele na meia-idade.

O uso de filtro solar, especialmente para os pacientes de alto risco (pele clara, olhos claros), não vale apenas para a praia, ele deve ser usado no dia-a-dia também, principalmente no rosto e nos braços, em passeios, caminhadas, ao fazer exercícios ou compras ao ar livre.

A recomendação vale também para aqueles dias de mormaço ou nublados.

Use óculos escuros com lentes de boa qualidade. Eles ajudam a proteger a pele delicada da região dos olhos.
Cirurgias simples, que removem o tumor, costumam curar completamente os carcinomas basocelulares e os espinocelulares. Em alguns casos de carcinomas espinocelulares, o especialista pode indicar radioterapia ou quimioterapia após a cirurgia, já que ele apresenta um risco levemente maior de se espalhar para outros órgãos. A escolha do tratamento vai depender do tamanho e tipo do câncer e de sua localização.

Estadiamento

O estadiamento de todos os carcinomas de pele, exceto pálpebra, vulva e pênis, segue a mesma padronização. Os estágios da doença são indicados por algarismos romanos, que vão de zero a IV (4) e quanto maior o número, mais grave a fase da doença. Como é muito raro que o carcinoma basocelular se espalhe, geralmente os médicos nem fazem o estadiamento, só quando o tumor é grande.

Classificação clínica TNM:

T - tumor primário;
Tx - tumor primário, não pode ser avaliado;
T0 - não há evidência de tumor primário;
Tis - carcinoma in situ;
T1 - tumor de até 2 cm na sua maior dimensão;
T2 - tumor maior que 2 cm até 5 cm na sua maior dimensão;
T3 - tumor maior que 5 cm na sua maior dimensão;
T4 - tumor que invade as estruturas extradérmicas profundas, como cartilagem, músculo esquelético ou osso;
N - linfonodos regionais;
Nx - linfonodos regionais que não podem ser acessados;
N0 - ausência de metástases em linfonodo regional;
N1 - metástase em linfonodo regional;
M - metástase à distância;
M0 - ausência de metástase à distância;
M1 - metástase à distância;

Obs, a presença de metástase em linfonodos não pertencentes à cadeia de drenagem primária é classificada como M1.

Cirurgia: o tumor é retirado junto com um pouquinho de pele normal ao seu redor.

Criocirurgia: nitrogênio líquido é usado para congelar e matar as células doentes e, após o tratamento, o local apresenta bolhas e forma "casca", levando algumas semanas para cicatrizar. A área da pele pode ficar descolorida após a terapia.

Cirurgia micrográfica de Mohs: é um procedimento delicado que exige prática e perícia do cirurgião, mais utilizado em centros especializados no tratamento oncológico. O médico remove uma camada da pele que pode ter sido invadida pelo câncer e mapeia sua localização. Ele examina a amostra ao microscópio imediatamente e, se houver tecido canceroso, remove mais um pouquinho de pele e volta a examiná-lo ao microscópio. O processo é demorado, mas permite o máximo controle histopatológico e preservação do tecido (pele) normal ao redor do tumor. Apesar de muito difundido na dermatologia, é de pouca aceitação pelos cirurgiões que preferem a excisão cirúrgica com mapeamento intra-operatório das margens por patologia de congelação.

Cirurgia de linfonodo (gânglios linfáticos): Se gânglios linfáticos próximos ao tumor estão crescendo, pode ser sinal de que o câncer atingiu esses nódulos. Nesse caso, eles são removidos cirurgicamente e analisados ao microscópio.

Reconstrução: nos casos em que o tumor é grande, às vezes é necessário fazer um enxerto ou retalho de pele para ajudar na cicatrização e recuperar a aparência da região.

Quimioterapia: é o uso de medicamentos para matar células cancerosas. Ela pode ser tópica, quando a droga é colocada diretamente sobre a pele, em vez de administrada por via oral ou injetada. Como a medicação só atinge as células superficiais, é usada para tratar lesões pré-cancerosas, o que deixa a pele avermelhada e sensível, inclusive ao sol, por algumas semanas.

Drogas como o Interferon também podem ser injetadas diretamente no câncer, uma estratégia usada quando a cirurgia não é possível. A quimioterapia sistêmica (injetada na veia ou administrada por via oral) é utilizada quando o carcinoma espinocelular se espalhou para outros órgãos. Isso pode retardar o avanço da doença e aliviar alguns sintomas.

A quimioterapia mata as células cancerosas, mas também as normais, o que produz alguns efeitos colaterais, entre eles:

- náusea e vômito
- perda de apetite
- feridas na boca
- maior risco de infecções (porque diminui o número de glóbulos brancos)
- risco de sangramento ou hematoma por causa de pequenos cortes ou pancadas (por causa da redução na quantidade de plaquetas no sangue)
- cansaço (por causa do menor número de glóbulos vermelhos)

A maioria dos sintomas desaparece com o fim do tratamento.

Radioterapia: é o tratamento com raios de alta energia que matam as células cancerosas ou fazem o tumor encolher.Ela pode ser a primeira escolha do especialista se o tumor for muito grande ou estiver em área que dificulte a remoção cirúrgica. Pode ser opção também para pessoas de idade, nas quais seria melhor evitar a cirurgia. A radioterapia também pode ser empregada como terapia adicional (adjuvante) para atingir células cancerosas que podem ter escapado da cirurgia. Isso também reduz o risco de o câncer voltar.

Os efeitos colaterais da radioterapia incluem irritação, vermelhidão e ressecamento da pele. Depois de muitos anos, a área da pele irradiada pode desenvolver novos cânceres, por isso a radiação não é muito usada no tratamento de câncer de pele de jovens.