quinta-feira, 2 de junho de 2011

Câncer Infantil

O que é

O câncer infantil é raro - atinge uma a cada 600 crianças e adolescentes até os 15 anos. Nas crianças, as células cancerosas têm origem de células embrionárias primitivas, que muitas vezes crescem e se multiplicam mais depressa que nos adultos. Nos últimos 30 anos, o tratamento do câncer infantil deu um salto impressionante e, em média, nos centros especializados, como o Hospital do Câncer, entre 70% e 80% delas ficam curadas, ou seja, vivem mais de 5 anos (e muitas vezes bem mais que isso) após o diagnóstico.

Em meados dos anos 70, segundo dados do Hospital, apenas 20% das crianças com retinoblastoma (um câncer da retina do olho) podiam ser consideradas curadas, um índice que hoje está em 92%. Nas leucemias linfocíticas agudas essa taxa era de 20%, mas atualmente chega a 86%.

Nos EUA, onde as crianças gozam de condições de saúde melhores que as brasileiras, o câncer é a principal causa de morte por doença em crianças e adolescentes com menos de 15 anos, com cerca de 1.600 mortes por ano.

Os tipos de câncer que atingem as crianças também são muito diferentes dos que acometem os adultos. As leucemias são os cânceres mais comuns em crianças, atingindo com mais freqüência à faixa etária dos 2 aos 5 anos de idade. Cânceres de do sistema nervoso central vêm em seguida e, em terceiro lugar, os linfomas, que são cânceres do sistema linfático. Os tumores sólidos abdominais (tumor de Wilms e neuroblastoma) constituem uma parcela semelhante à dos linfomas. Completam a lista dos cânceres mais comuns em crianças os ósseos, os sarcomas de partes moles (sendo o rabdomiossarcoma o mais freqüente), de olho, os de células germinativas e os das glândulas supra-renais ou adrenais. Nos adultos, os mais comuns são os de pele, próstata, mama, pulmão e colorretais. O estágio de crescimento e desenvolvimento dos tumores é outra diferença importante entre adultos e crianças, pois a imaturidade do organismo das crianças tem importantes conseqüências para o tratamento.

Muitos cânceres pediátricos ocorrem em crianças bem pequenas e os pais se perguntam o por quê. Alguns casos são resultado da predisposição genética, mas ao contrário do que ocorre com os adultos, o câncer infantil não está associado a fatores como dieta, falta de exercícios físicos e, muito menos, ao uso de cigarro e álcool. A causa da maioria dos casos de câncer pediátrico ainda é desconhecida.

Os tipos de câncer mais comuns na infância e adolescência são:

A leucemia linfocítica (ou linfóide) aguda - LLA é o câncer mais comum na infância e representa 30% do total de casos.

O tumor de Wilms pode afetar um rim ou ambos e é mais comum entre crianças na faixa dos 2 a 3 anos de idade. Representa de 5% a 10% dos tumores infantis.

O neuroblastoma é o tumor sólido extracraniano (isto é, fora do cérebro) mais comum nas crianças, geralmente diagnosticado durante os dois primeiros anos de vida. Ele pode aparecer em qualquer parte do corpo, mas é mais comum nas supra-renais e mediastino.

O retinoblastoma é um câncer que tem origem nas células que formam parte da retina, cujo sinal mais comum é o brilho ocular chamado de "reflexo do olho de gato". Existem duas formas da doença, a hereditária e a esporádica. Costuma aparecer em crianças entre 2 e 3 anos de idade.

O rabdomiossarcoma é o câncer de partes moles mais comum em crianças. O tumor tem origem nas mesmas células embrionárias que dão origem à musculatura estriada esquelética ou voluntária, ou seja, músculos que se prendem aos ossos ou a outros músculos.

Os tumores de sistema nervoso central (encéfalo e medula espinhal) são os tumores malignos sólidos mais comuns em crianças, ficando atrás apenas das leucemias e linfomas. Adultos tendem a ter câncer em diferentes partes do cérebro, geralmente nos hemisférios cerebrais. Tumores da medula espinhal são menos comuns que os de encéfalo tanto em adultos como nas crianças.

Os tumores ósseos primários são raros: o mais comum é que o câncer dos ossos seja resultado de outro tumor que se espalhou e atingiu o osso. A despeito de raros, são o sexto em incidência em crianças, sendo mais freqüentes na adolescência. Os mais comuns são o osteossarcoma e o Sarcoma de Ewing.

O linfoma de Hodgkin anteriormente chamado de doença de Hodgkin, é um câncer do sistema linfático (que inclui gânglios, timo e outros órgãos do sistema de defesa do organismo). O linfoma de Hodgkin pode atingir crianças e adultos, mas é mais comum em dois grupos, jovens adultos (dos 15 aos 40 anos, geralmente dos 25 aos 30 anos) e pessoas acima dos 55 anos. É raro antes dos 5 anos de idade, mas entre 10% e 15% dos casos ocorrem em adolescentes e crianças com menos de 16 anos.

Os linfomas não-Hodgkin também têm origem no sistema linfático e são mais comuns que os linfomas de Hodgkin nas crianças, sendo o terceiro câncer mais comum entre crianças.
Fatores de Risco e Prevenção

O câncer infantil costuma ser difícil de reconhecer quando em seu estágio inicial, pois sua manifestação clínica confunde-se com grande parte das doenças comuns da infância. Além das consultas regulares ao pediatra, os pais devem estar atentos para o aparecimento de sinais e sintomas que não desaparecem, como:

- surgimento de nódulos ou caroços;
- palidez e falta de energia inexplicáveis;
- aparecimento de hematomas sem motivo;
- sangramentos freqüentes (por nariz, anus, vias urinárias)
- dor localizada persistente;
- coxeadura (mancar) sem razão aparente;
- febres sem explicação;
- aumento de volume abdominal
- dor abdominal prolongada
- dores de cabeça freqüentes, muitas vezes acompanhada por vômitos;
- mudanças nos olhos ou na visão;
- perda de peso rápida e excessiva.
- virilização em meninas ou puberdade precoce
O câncer infantil pode ser tratado com cirurgia, radioterapia e quimioterapia ou pela combinação de duas ou mais dessas terapias. Apesar das exceções, o câncer infantil costuma responder bem à quimioterapia, porque tem crescimento rápido. É importante que o tratamento seja feito em centros especializados, porque tanto a criança com câncer quanto sua família tem necessidades especiais.

Centros especializados, como o do Hospital do Câncer A. C.Camargo, contam com oncopediatras, especialistas em cirurgia e radioterapia, enfermeiras treinadas para lidar com crianças. Essas equipes incluem ainda psicólogos, nutricionistas, fisioterapeutas e pessoal especializado em cuidados paliativos e no acompanhamento da criança após o tratamento.

As taxas de sobrevida após 5 anos pós o diagnóstico variam de acordo com o tipo de câncer da criança, mas no total estão em torno de 80%. Os pacientes com leucemias linfocíticas têm índices próximos de 80%. Portadores de tumor de Wilms e linfoma de Hodgkin têm chance de cura entre 80/90%, e os linfomas não Hodgkin também têm prognóstico favorável, mesmo em doenças avançadas. Os portadores de neuroblastoma avançado e leucemia mielóide têm chances bem mais escassas. Os tumores de sistema nervoso central são múltiplos, e o prognóstico depende muito do tipo e estádio do tumor. Os sarcomas também têm apresentações variadas e diversos subtipos, com prognósticos bastante favoráveis para alguns deles, em função do subtipo e do se grau de extensão.

A taxa de sobrevida após 5 anos do diagnóstico se refere à porcentagem de pacientes que vivem pelo menos 5 anos. Muitos vivem bem mais que isso. Sobreviventes de câncer infantil podem ficar com seqüelas do tratamento, que incluem comprometimento do funcionamento de alguns órgãos, aparecimento de novos tumores anos depois da terapia e problemas no desempenho de tarefas mentais.


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