quinta-feira, 2 de junho de 2011

O que é o Câncer?

Câncer é a proliferação descontrolada de células anormais do organismo. As células normais do corpo vivem, se dividem e morrem de forma controlada. As células cancerosas são diferentes, não obedecem a esses controles e se dividem sem parar. Além disso, não morrem como as células normais e continuam a se proliferar e a produzir mais células anormais.

Essa divisão descontrolada das células é provocada por danos no DNA, o material genético presente em todas as nossas células e que comanda todas as suas atividades, inclusive as ordens para a célula se dividir. Na maior parte das vezes, o próprio DNA detecta e conserta seus erros. Nas células cancerosas, porém, o mecanismo de reparo não funciona. Esses defeitos no mecanismo de reparo podem ser herdados e estão na origem dos cânceres hereditários. Na maioria dos casos, porém, o DNA se altera por causa da exposição a fatores ambientais, entre eles, o fumo, sol, alguns vírus e alimentação.

As células cancerosas geralmente formam um tumor, uma massa de células com crescimento anormal. Existem exceções, como as leucemias, em que as células doentes estão presentes no sangue e percorrem o corpo todo. Freqüentemente, as células cancerosas se desprendem do tumor, viajam para outra parte do corpo onde passam a crescer e a substituir o tecido sadio, num processo chamado metástase.

Nem todos os tumores são cancerosos. Os chamados tumores benignos não têm a capacidade de se espalhar para outras partes do corpo, mas merecem atenção e podem exigir tratamento, dependendo do local onde aparecem.

Diferentes tipos de câncer têm comportamentos diferentes, exigem tratamentos diferentes até mesmo quando se trata de câncer do mesmo órgão. Há cânceres de próstata extremamente agressivos, de progressão rápida e outros menos agressivos, de desenvolvimento lento. Por isso, o tratamento é específico para cada caso.
 
COMO OCORRE O CÂNCER?

O câncer não aparece de uma hora para outra, é uma doença de desenvolvimento lento, que às vezes leva 20, 30, 40 anos para se manifestar. Lembre-se: é a partir de uma única célula que acumula mutações que o tumor se desenvolve. É por isso que hoje conhecemos muito mais gente com câncer do que nossos avós e bisavós. Até 1950, a doença era relativamente rara até porque eram poucos os seres humanos que chegavam aos 50, 60 anos de vida. No Brasil da década de 30, por exemplo, a expectativa de vida girava em torno dos 35 anos e o brasileiro morria de infecção, de diarréia, de pneumonia. As vacinas e antibióticos prolongaram nossa existência, mas também permitiram que vivêssemos o bastante para que o câncer se desenvolva.

Nosso estilo de vida também tem sua parcela de culpa no grande número de casos da doença. Se o tabaco fosse sumariamente banido do planeta, os casos de câncer cairiam 35% - isso sem falar na redução drástica dos casos de enfarte, derrame e efizema. Nossa dieta rica em carnes vermelha e pobre em fibras vegetais também é parte do problema, bem como nossas prolongadas exposições ao sol tropical.

O mais importante, porém, é ter em mente que nunca antes em nossa história tivemos tanto sucesso no tratamento do câncer. Se você ou alguém próximo recebeu diagnóstico de câncer, as chances de cura e de uma excelente qualidade de vida nunca foram tão grandes. Especialmente, se você estiver nas mãos de uma equipe especializada e multidisciplinar como a do Hospital A. C. Camargo. Aqui você vai ter acesso ao que há de mais moderno em técnicas de diagnóstico, acompanhamento e tratamento, com equipes de clínicos, radiologistas, cirurgiões, fonoaudiólogos, fisioterapeutas, psicólogos e de reabilitação, todos empenhados em sua recuperação integral.

PREVENÇÃO E FATORES DE RISCO

Fator de risco é qualquer coisa que aumente a chance de alguém ter determinada doença. No caso do câncer, alguns podem ser evitados pela mudança de hábitos - deixar de fumar, beber moderadamente, usar filtro solar, ter uma dieta equilibrada - outros não. Entre estes últimos, estão o histórico familiar e a idade - o risco de desenvolver câncer aumenta com a idade.

Se uma pessoa estiver freqüentemente exposta a fatores de risco, ela tem maior chance de desenvolver câncer. Mas muita gente se expõe a um ou mais fatores de risco e não desenvolve câncer; enquanto outros, que nunca foram expostos, têm a doença. Isso ocorre porque há inúmeros fatores associados ao aparecimento de um tumor. Entre os fatores de risco para diferentes tipos de câncer estão:

Fumo (cigarros, charutos, cachimbo): câncer de pulmão, boca, laringe, bexiga, rins, esôfago e pâncreas. Sem o consumo de tabaco, os casos de câncer cairiam 35%!

Exposição ao sol sem proteção: câncer de pele.

Idade, alterações hormonais (como idade da primeira menstruação, número de gestações, idade do início da menopausa), obesidade, vida sedentária e, segundo alguns estudos, consumo de bebidas alcoólicas: estão entre os fatores de risco para o câncer de mama. Filhas e irmãs de pacientes com câncer de mama também precisam ter atenção redobrada - e começar os exames preventivos mais cedo, já que correm maior risco de desenvolver a doença.

Idade: é o principal fator de risco para o câncer de próstata. Não se sabe ao certo por quê, mas o risco é maior entre homens negros e afro-descendentes. Uma dieta rica em gorduras também parece aumentar o risco de surgimento do câncer. Filhos e irmãos de pacientes com câncer de próstata também precisam ter atenção redobrada - e começar os exames preventivos mais cedo, já que correm maior risco de desenvolver a doença.

Somados, fumo, hábitos alimentares, vida sedentária, infecções (por HPV, por exemplo) e exposição à radiação solar ou a produtos químicos são responsáveis por 75% dos casos de câncer. Segundo algumas pesquisas, 30% das mortes por câncer estão relacionadas a maus hábitos alimentares (consumo excessivo de carnes vermelhas e falta de fibras) e falta de exercícios físicos na idade adulta.

DIAGNÓSTICO

Sintomas são indicações de que algo está errado no organismo. Tosse e rouquidão podem ser sintomas de uma gripe. Tosse e rouquidão que se prolongam por semanas podem ser sinais de câncer no pulmão. Na maioria das vezes, sintomas não são suficientes para o médico diagnosticar esta ou aquela doença, daí a necessidade de se fazer exames de sangue, imagem ou até mesmo uma biópsia.

O câncer é uma dessas doenças que podem causar todo tipo de sintomas, dependendo do local onde aparece, do seu tamanho e se afeta outros órgãos ou tecidos próximos. À medida que um tumor cresce, ele vai pressionando tecidos vizinhos, vasos sanguíneos e nervos, dando origem a alguns sintomas. Dependendo do órgão ou do local, esses sintomas podem ser percebidos bem no comecinho da doença, como é o caso de alguns tumores cerebrais, que afetam os movimentos, ou a visão. Outros, como os de ovário, por exemplo, podem crescer bastante antes de produzir sintomas e levar a paciente ao médico.

O câncer pode provocar os mais variados sintomas, como febre, cansaço e perda de peso - porque suas células produzem substâncias que alteram o metabolismo ou porque elas consomem boa parte da energia do organismo ou ainda porque interferem com o sistema imunológico e ele reage com esses sintomas. Outros cânceres - como o de pâncreas - podem liberar substâncias que provocam a formação de coágulos que entopem veias das pernas ou outras que agem como hormônios e alteram os níveis de cálcio do corpo, afetando o funcionamento dos nervos e músculos.

A detecção precoce do câncer aumenta em muito as chances de sucesso do tratamento, já que é mais fácil tratar o tumor ainda pequeno, quando dificilmente teve chance de se espalhar para outras partes do corpo. É o caso, por exemplo, do melanoma, a forma mais grave de câncer de pele. Se ele ainda não penetrou nas camadas mais profundas da pele, sua remoção cirúrgica permite uma taxa de quase 100% de sobrevida após 5 anos. Esse índice cai drasticamente se o melanoma é descoberto e tratado quando já se espalhou para outras partes do corpo.

Por desconhecimento ou medo do diagnóstico, muita gente ignora os primeiros sintomas do câncer e adiam a consulta ao médico. Um caroço no seio pode, sim, ser apenas um cisto que vai desaparecer naturalmente com o tempo; mas também pode não ser. Daí a importância de consultar o médico. Sinais como febre, cansaço, dores nas articulações podem ser causados por uma série de problemas, câncer inclusive. Por isso, ir ao médico e checar do que se trata é fundamental.

É importante conhecer os sintomas mais gerais do câncer, sempre tendo em mente que o aparecimento deles não significa que a pessoa tem a doença. Você vai perceber que eles são comuns a vários tipos de problemas de saúde e só um médico, com o auxílio de exames, pode diagnosticar ou descartar a doença. Uma das características do câncer é a longa duração destes sintomas. Conheça alguns deles:

Perda de peso sem explicação. A perda de 5 quilos ou mais pode ser sinal de câncer de estômago, pâncreas, pulmão ou esôfago.

Febre. A febre pode ser um sinal da doença, principalmente nos casos de leucemia ou linfoma.

Cansaço. Esse sintoma pode aparecer nos casos de leucemia ou, se o câncer causa perda de sangue, como ocorre com alguns tumores de estômago e intestino.

Dor. Ela pode ser sintoma de estágios iniciais de alguns cânceres, como os de ossos e testículos. Geralmente, porém, ela é sintoma de estágios mais avançados da doença.

Alterações da pele. Além do câncer de pele, outros tumores podem provocar alterações na pele, como excesso de pigmentação, icterícia (que deixa a pele amarelada), aparecimento de manchas avermelhadas, coceira e até crescimento excessivo de pêlos.

Há sintomas mais específicos do aparecimento de um câncer, mas eles também são comuns a outras doenças.

Mudanças de hábitos intestinais ou urinários. Prisão de ventre crônica, diarréia que não passa ou até mesmo mudança no tamanho das fezes podem ser sinal de câncer de intestino. A presença de sangue na urina, de dor ao urinar e mudanças de hábito (ir mais vezes ao banheiro ou menos) podem ser sinais de câncer de bexiga ou próstata.

Feridas que não cicatrizam. Alguns cânceres de pele sangram e parecem feridas que não fecham. Feridas na boca que não cicatrizam merecem uma visita ao médico (especialmente em quem fuma e consome bebida alcoólica). Lesões no pênis ou vagina podem ser tanto sinal de uma infecção, como de câncer em estágio inicial.

Sangramentos. Traços de sangue no catarro podem indicar câncer de pulmão. Nas fezes, câncer de cólon ou de reto. Sangramento vaginal pode indicar câncer de colo do útero. No bico do seio, pode indicar câncer de mama.

Nódulos ou caroços. O aparecimento de nódulos ou caroços nos seios, testículos, nódulos linfáticos (nas virilhas, axilas, pescoço, etc) e outras partes do corpo pode indicar a presença de um tumor. Mas só um exame detalhado pode dizer se é mesmo câncer e em que estágio se encontra o tumor. O aparecimento de um caroço, de qualquer tamanho, por menor que seja, exige uma visita ao médico.

Indigestão ou dificuldade para engolir. Esses são sinais de câncer de esôfago, estômago ou garganta.

Mudanças em pintas ou verrugas. Alterações de tamanho, cor ou forma precisam ser checadas pelo médico, pois podem ser sinal de câncer de pele, especialmente em pessoas de pele muito clara.

Tosse e rouquidão. Tosse que não passa pode ser sinal de câncer de pulmão e a rouquidão, de câncer de de laringe ou tireóide.

A confirmação ou não do diagnóstico depende de uma série de exames laboratoriais, de imagem e basicamente de uma biópsia (a remoção e análise microscópica de uma amostra de tecido), que vai indicar ou não a presença de células anormais. Esses exames vão também fornecer ao médico o estadiamento da doença, isto é, em que estágio está o câncer, se ele se espalhou ou não para outros órgãos.

ESTADIAMENTO

Saber em que estágio está o câncer é fundamental para o planejamento do tratamento. Assim, o paciente e seu médico podem discutir alternativas terapêuticas e a equipe que cuida do caso pode ter uma perspectiva mais definida das possibilidades de recuperação.

O sistema mais utilizado para isso é chamado de TNM, onde o T indica o tamanho do tumor e se ele se espalhou para outras partes do corpo; o N indica o quanto ele se espalhou para os nódulos linfáticos mais próximos e o M se já há metástase para outros órgãos mais distantes.

Geralmente, cada letra é acompanhada por um número. Um tumor T1N0M0 é um tumor pequeno, que não atingiu os nódulos linfáticos próximos e nem se espalhou pelo corpo. Essa classificação dá origem a outra, que vai de 0 a 4. E quanto menor o número, menos o câncer cresceu e se espalhou.

TRATAMENTO

As opções de tratamento vão depender do tipo de câncer, do estágio da doença, idade do paciente, seu estado geral de saúde e, sim, suas preferências. É fundamental que o paciente discuta suas opções com o médico, faça perguntas e até consulte outro especialista, em busca de uma segunda opinião. É importante se tratar num centro especializado, que têm médicos e profissionais com larga experiência no tratamento do câncer.

Basicamente o câncer é tratado com cirurgia, radioterapia ou quimioterapia. É importante o estadiamento da doença, já que cânceres em estágios iniciais respondem a terapias diferentes das utilizadas em cânceres de estágio avançado.

Radioterapia. É usada para tratar câncer localizado, tanto para reduzir um tumor antes da cirurgia como para eliminar eventuais células cancerosas após a cirurgia. Atualmente, a radioterapia é uma técnica de alta precisão, que atinge de forma eficaz as células doentes e afeta minimamente outros órgãos e tecidos normais.

Quimioterapia. Diferente da radioterapia, os medicamentos usados na quimioterapia podem atingir qualquer parte do corpo, através da corrente sanguínea. Na maioria das vezes, é utilizada uma combinação de drogas - administradas por via oral ou injetadas - em ciclos, que se seguem a períodos de recuperação, ao longo de seis meses, em média. Após as cirurgias, ela reduz bastante o risco de reaparecimento do câncer.

Imunoterapia. São terapias que usam a habilidade do próprio organismo de combater a doença, já que há fortes indícios de que o nosso sistema de defesa tem papel importante na resposta ao câncer. Ela pode ser usada de forma combinada com radioterapia e quimioterapia.

TERAPIAS ALTERNATIVAS

Elas não fazem parte do tratamento-padrão de câncer e podem incluir a administração de complexos alimentares, vitaminas, ervas e massagens com objetivos curativos, etc. A maioria das terapias não tem benefício comprovado. Além disso, algumas ervas e complementos podem trazer danos ao paciente que se trata de câncer. Por isso, é importante discutir qualquer terapia alternativa com o médico ou equipe que acompanha o tratamento antes de aderir a uma destas opções.

O objetivo do tratamento é a remissão do tumor, período em que a doença responde ao tratamento ou fica sob controle. Remissão total é a ausência de sintomas e sinais do câncer. Durante o tratamento, quando o tumor é reduzido mas não desaparece, diz-se que há uma remissão parcial. Remissões podem durar de semanas a vários anos. E remissões completas podem se prolongar por anos e ser consideradas curas.

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